ei, você
você mesmo,
este conto é todo seu.

pensado milimétricamente nos fios dos seus cabelos enroscados no meu dedo e os fios da barba roçando entre minhas pernas
pensado na temperatura do meu corpo subindo, provocada pela delícia de vê-lo afogado no meu gosto
pensado na tua pele 
pensado na tua língua, tua língua
por falar nela, vejo ela e penso em mim sentada na cadeira, pelada, perna aberta e você ali
inteiro
me tendo
pela boca
depois
metendo
a rola
mas antes, bem antes
só tua cara fazendo força enquanto eu mexo o quadril no mesmo sentido que tua língua gira
quando penso o sexo
e acho bonito
mas não estético
é isso que quero dizer
os cheiros misturados, tudo molhado, melado, tudo sussurra, tudo geme, tudo goza
selvageria do prazer
- das coisas mais belas para fazer: sexo de verdade

este conto
descontextualizado, ele é
todo seu.
pensado milimétricamente na sensação do seu pau duro na minha boca e sua mão empurrando minha cabeça pra onde você quer
e como quiser, esse conto é tão seu, quanto meu corpo há de ser toda vez que você vier me comer
assim
sem rodeio, vem me comer
me faz de sua
beija minha boca
cheira minha nuca
coloca o dedo na vulva
mexe no grelinho
morde minhas costas
lambe meu suor
cospe na minha cara
qual é sua tara? 
me fala
eu quero te dar tesão 
tanto quanto
alimento sua imaginação
me imagina
assim
toda pra você
gemendo de prazer
pedindo um pouco
obedecendo um pouco
um ballet
uma performance sem regra, sem métrica, sem rima
me fode por cima
depois a gente vira
enfia e deliza
senta e me puxa
lambe meus peitos
e eu sento gostoso em você
mente pra mim
aqui pode
fala que minha buceta é a mais gostosa
que eu fico doida
pra dar ela pra você.


Escrito por :

Cinthia Morelatto

Cinthia Morelatto
Eu poderia ser sommelier de pão de queijo ou algo tipo Marie Kondo. Mas a palavra é meu lugar, então escrevo: redatora, copywriter, roteirista e canhota. Coloco ideias no papel e as tiro de lá com muita facilidade: fui produtora por doze anos, fazer acontecer é comigo mesma. Cinema, teatro, shows, eventos e entre um e outro tirava o caderninho da bolsa e me debruçava na poesia e nos contos eróticos – agora me concentro em saber tudo o que não sei para esse blog funcionar.