tem homem que simplesmente não sabe
como fazer
direito
tem homem que até tem boa vontade
esses
até ensino
mas os outros
os que acham que sabem de tudo
os que acham que estão me fazendo delirar
os que não olham
não veem
não sentem
nem respiram
tudo às pressas;
força errada;
para esses, eu não dou meu tempo - que é precioso.
muito menos meu corpo - que é sagrado.
este, sabe.
eu sei quando um homem já comeu muita mulher
e particularmente
gosto deles
e desse
eu gosto mais: ele não perde uma oportunidade de me falar algo que me deixe excitada
parece que ele já entendeu
que gosto disso
que as investidas que ele dá dentro de um diálogo qualquer
vão me molhando aos poucos
é como se fôssemos construindo a transa antes da transa começar - quem é que define onde começa, afinal?
pra mim pode começar
dias antes
naquela mensagem...
este, sabe: ansioso para beijar sua boca
louco para chupar sua buceta
te quero
bati uma punheta pra você
rolam mensagens
que me tentam
e me mantêm ali, desejosa
me chama que eu vou
eu atravesso a cidade
atravesso o Brasil
me chama
que eu vou.
dessa vez ele estava diferente
distante
ninguém aqui sustentava o contato visual, quem sou eu para negar que estava em mim também a distância?
meu ego me pede para tentar essa conexão
só porque eu quero
que ele me queira
mas eu sei
não dá para brincar
com fogo.
ele queima.
eu queimo.
é bom quando tem outras pessoas ao redor
porque não precisamos interagir muito
mas é ruim
porque me desperta a lembrança da gente só - conversar e transar, transar mais, conversar mais
enquanto estou sobrea
funciona perfeitamente bem - eu sou formal, cordial, na medida certa
ninguém nunca percebeu
nem vai.
conforme bebemos
e sempre bebemos
fica difícil segurar o ímpeto: eu tenho vontade de chegar mais perto
flertar obscenamente
eu proporia até
da gente se perder do grupo
foder no escuro
atrás do muro
ou igual daquela vez, a gente coloca despertador para se encontrar no mato
frio na barriga
estrelas no céu
ele ainda chegou com uma garrafa na mão
dois copos americanos
uma toalha
e foi o date improvisado mais gostoso que já vivi.
algumas taças depois
lutando com meu desejo
nota dez: me mantive em respiração
e não me aproximei
mas o acaso,
sempre vem.
eu estava na cozinha lavando algumas taças
viria outra rodada
ele separava os próximos rótulos
alguém secava as taças
mas parou
e nunca mais retornou ao posto
ele se põe na pia, pano de prato em mãos
a gente se ajuda
lado a lado
silêncio estrondoso
quebro uma taça
a gente se olha
peço desculpas
ele diz
a gente precisava de algum motivo para falar
olho no olho
a gente ri
ainda está
tudo ali.
seu dedo está sangrando, ele diz
eu não tinha nem percebido
e ainda não me importo
só olho para ele
ele pega minha mão
coloca embaixo da torneira
eu ainda o olho
ele fecha a torneira
seca minhas mãos
enfia meu dedo na boca
e chupa o sangue
e o que era um pronto socorro
vira uma língua que sabe o que está fazendo
ele puxa meu dedo devagar
dá um beijinho delicado na minha mão
e vou te confessar
que talvez eu tenha gozado.
alguém entra na cozinha
ele fala sobre a taça e sobre o corte
uma satisfação
por estarmos tão perto
e daí, um caos se instala - precisa fazer curativo, precisa de pomada de sei lá o quê, do nada temos uns cinco enfermeiros disponíveis.
ele prontamente, diz
tenho tudo aqui, vem cá
o sigo para dentro da casa
revisito as memórias que temos no corredor e poderia jurar que ele também rememorava, até que se confirmasse:
naquele dia também quebramos uma taça.
rio.
nós estamos ficando bons em recolher os cacos.
acho que você não está se referindo somente aos de vidro, né?
claro que não, rs.
ele ri.
entramos no banheiro
ele encosta a porta
olho desconfiada - precisamos fazer isso de porta fechada?
ele pega minha mão e analisa o dedo
eu digo
está tudo bem, eles exageraram.
eu sei, eu comprei o exagero para ter um tempo só com tu.
com tu. comigo.
adoro quando ele fala tu.
eu não resisto
beijo sua boca
com muito cuidado - como se cada volta que a língua dá, fosse consciente: eu tô aqui, rasgando meu discurso responsável, vendida por um beijo bom.
ele tranca a porta
segura meu pescoço
chupa minha boca
morde meu lábio
lambe meu pescoço
eu já estou gemendo
as mãos agem rápidas
ele toca meus peitos
minha bunda
até passa na buceta com aquela pressão gostosa que me arrepia
ele diz por entre os dentes - saudade
eu me afasto - aqui é muito arriscado
ele abre uma gaveta
coloca um algodão e um monte de esparadrapo no meu dedo, eu me divirto
até que enfim algo que você não seja bom, curativo realmente muito mal feito
ele dá uma gargalhada, as mãos dele até param o serviço e ele se encolhe em riso
talvez esse seja um momento favorito
ele se recompõe e finaliza o trabalho horroroso
viu? ficou ótimo!
diz, irônico
ele pega minha mão e beija a palma
passeio a mão na barba
a gente se beija de novo
eu me ajoelho enquanto abro sua calça
aquele pau
do qual senti muita falta, todo ali
pra mim
começo chupando devagar
como ele gosta
até ele ficar louco para segurar minha cabeça e foder minha garganta com força
como eu gosto.
com a cabeça inteira dentro da boca, pressiono a língua na ponta
ele geme
tiro um pouco para fora
e cuspo
e ao chupar de novo
espalho a saliva
cuspo mais
coloco o pau inteiro na minha boca
massageio as bolas
chupo também as bolas
até seu cu, eu chupo
ele se afasta rápido
e respira fundo
calma menina, assim eu não aguento
trago os dedos até meu rosto, trazendo a saliva do queixo para a boca
ele fala
que safada
vem gozar aqui, na minha boca, vem
eu quero comer você
me levanto
abro meu jeans
abaixo a calça
viro de costas
ele me vira de frente
enfia os dedos na minha buceta
olha, toda molhada, muito molhada
diz, com muita malícia estampada na cara
to louco pra fuder essa buceta
eu gemo
ele diz
adoro seu gemido, geme mais
me faça querer gemer mais, provoco
ele se abaixa
coloca a língua no clitóris
e não tira os dedos
a loucura me vem
isso, me chupa gostoso, vai
ele para um pouco e fala baixo
quase como se falasse com a buceta
isso fica mais molhada ainda porque eu vou socar o pau em você
e lambe mais
começa a mexer a língua bem rápido
e os dedos mais rápidos
e eu falo que vou gozar
e eu gemo um pouco alto e tampo a própria boca, em arrependimento
ele não para
tento me segurar entre a pia e o azulejo
ele afunda a cara
e quase posso sentir
seus dentes
ele força os dedos pra ir mais fundo
eu seguro a cabeça dele
e puxo ainda mais
me movimento também
escutamos vozes
eu paro e tento afastar
ele me olha
e fala
continua, não vale a pena parar aqui
e volta a me chupar
empenhado
eu gozo
ele levanta
com a barba toda molhada
se olha no espelho
me vira de frente
agora também me olho no espelho
ele segura meu cabelo
me fode de jeito
sendo fodida te olhando no espelho
sorrindo gostosa
lasciva
falo baixinho
ai que delícia
ele tira o pau rápido
arranca a camisinha
me pede a boquinha
bate uma punheta
e goza na minha boca.
nos olhamos no espelho
vermelhos
suados
um curativo péssimo no dedo
cara de sexo
cheiro de sexo
como a gente vai sair daqui?
e por que demoraria mais de meia hora para fazer um péssimo curativo?
ele diz, confia em mim?
eu digo, confio.
fica aqui, eu já volto.
espero.
me recomponho.
ainda sorrio um pouco
porque eu sou esse tipo
que fica feliz
com putaria.
ele demora.
uma batida na porta, abro
ele diz: você viu o sangue e desmaiou, por isso demoramos.
ele pega minha cintura e vamos andando como se eu realmente tivesse passado mal
me traz uma água
cínico
a gente ri.







