eu perguntava se todo mundo tem uma história interrompida
um amor fracassado
um desencontro
a saudade de um beijo específico, um cheiro
a lembrança covarde de um sexo bom pra cacete
na mesa do bar, era unânime: todo mundo tinha uma história dessa.
cadeiras de plástico vermelha
copos americanos suando a cerveja gelada
diálogos de outras mesas atravessando a nossa
na mesa vestígios da boêmia
cinzeiros, isqueiros sem dono, um celular com gotas de água (ou álcool?) na tela
porções inacabadas e vez o outra uma mão surge ali por cima cruzando o centro
tem um pouco de caos nos bares de esquina
encruzilhada
eu gosto do clima de boteco.
tocava Tim Maia
pouco antes tocava Jorge Ben
pouco antes tocava Alcione
e qualquer um deles,
eu diria
que também tem uma transa perdida no passado.
depois de contarmos nossas histórias sem qualquer censura
um silêncio tomou conta da mesa
como um minuto de silêncio, um breve respeito à morte
das histórias de amor.
dentre tantas transas que avermelham minhas lembranças
esta, não é a melhor, certamente
mas é a que me toma de vontade de te ligar de novo.
alguns amigos estavam em casa e tinha sido um longo dia de bagunça
tem até uma foto sua segurando um peixe antes de colocá-lo na grelha
me lembro que bebíamos cerveja também naquela noite
e talvez seja isso que me levou para lá outra vez - o gosto dela na língua
eu lavava alguma louça
você recolhia as latas espalhadas
você me olhava do quintal, pela janela
aquele olhar
que foi o mesmo por muitos anos
e a gente ficou ali, se namorando pela fresta
vi você sumir da fenda
e ouvi em seguida seus passos tocarem o chão da cozinha
você me abraçou e me lembro do cheiro forte de álcool e fumaça que saía de você
- deixa essa louça aí, amanhã a gente vê
seu queixo apoiado no meu ombro
- vem, vamos tomar a saideira
eu ri
você riu
e rir junto é afrodisíaco.
você desligou a torneira
eu apoiei o prato no escorredor e rapidamente você pegou o pano de pratos e secava minhas mãos me olhando nos olhos
jogou o pano de prato em algum canto, pegou minha mão e me levou até a sala
tocava Ela Partiu, do Tim.
tentou me tirar pra dançar
e a gente ria porque não conseguíamos nem ficar em pé direito, quanto mais sincronizar nossos passos numa dança bonita
caímos no pé da escada
exaustos, bêbados e gargalhando
um breve silêncio
e a gente se beija
um pouco desajeitados no chão
a gente se amassa como pode
e como consegue
você tira minha blusa e pede pra eu ficar assim
com os peitos pra fora
enquanto você olha
mexo nos mamilos
aperto eles
puxo um pouco
seguro eles com as mãos
chego mais perto
e coloco um deles dentro da sua boca
você chupa ele lentamente
e eu vou ficando com a buceta molhada
coloco a mão no seu pau
e você começa a lamber o outro mamilo
você me pede pra sentar na sua cara
me levanto
tiro shorts e calcinha
você completamente vestido, faz um sinal com a mão de 'vem cá' e não tira o olho da minha buceta
um pé de cada lado do seu rosto deitado no chão
desço devagar
e pouso
a buceta
na sua boca
você já me chupou tantas vezes que não erra nunca
já estou gemendo igual uma louca
mexendo o quadril pra frente e para trás
me esfregando em língua, lábio, queixo, nariz
excitadíssima
você sobe as mãos nos meus peitos
e aperta um dos mamilos
eu olho pra baixo
e lá está você
comendo minha buceta com a boca
teu jeito de olhar me acendia como nenhum outro
me lembro exatamente desse momento
de te olhar me chupando
com a cara do canalha que sempre foi
comecei a me esfregar mais
e você pressionava a língua muito forte
eu ia gozar mas fui pega de surpresa, foi muito rápido
não me contive
gozei na sua boca
e quando fui sair de cima
você não deixou
e me chupou mais
e meu corpo ficou arrepiado
e você gostou disso
quando eu não aguentava mais
fiquei de quatro na escada
você me comeu gostoso daquele jeito
e gozou dentro
porque não deu tempo
de tirar - bêbados e irresponsáveis.
volto ao bar e percebo que minha cabeça foi longe e foi para o lugar errado
viro o resto de cerveja que está no copo
queria ir embora
mas ir agora
seria correr o risco de te ligar de madrugada.
alguém volta com mais cervejas
alguém completa meu copo
alguém puxa um assunto
alguém arrisca um flerte - que eu retribuo
alguém me come essa noite
e não é você
de novo.
