quando ele me beijou pela primeira vez,
eu ainda não sabia se queria
mas ele disse
você está muito longe
e escorreu no sofá para mais perto
e depois mais perto
e eu, que costumo falar muito, calei
o vi sorrir antes de fechar os olhos
é belo o sorriso
a boca encostou mansa
na boca minha
a mão roçagava meu cabelo,
aquele beijo
ascende um sol que me atravessa
sem pressa alguma
eu não saio dessa
inteira
quando ele já tinha me beijado muito,
eu ainda não tinha notado
como encaixava
a pele
o cheiro
o desejo
nós ainda estávamos vestidos
algodão e cetim no atrito, na esfregação, no ímpeto de uma fome recorrente - sexo - mas,
sem saber ainda
que ali também se esfregavam expectativas diferentes - um corpo dado ao afeto, um corpo dado ao veto
ainda assim
molhava a boca a ideia de ser fudida
lambuzava a buceta
pensar naquele pau
entrando
no limite do que é beijo o que é sexo
eu peço calma
como se a calma coubesse no tesão - onde tudo é urgente
e quando peço, ele se afasta querendo ainda estar perto
ele se levanta e pega uma água, parece estar muito à vontade na minha casa
quando ele cai no sofá
sem camisa
eu penso
belíssimo
e depois de um gole no vinho, eu falo
belíssimo
ele gosta de beijar
finalmente
alguém que gosta de beijar também
ele me beija sem parar e toca minha pele em lugares distintos com a mão quente
extremamente quente e a textura é grossa
alguns calos
me excita este toque.
por fora do shorts
ele simula o movimento de uma onda que nasce na vagina e deságua no clitóris
várias e várias vezes e, é na repetição que meu corpo se confunde com a marola
sua mão e eu no mesmo compasso
eu fecho os olhos
sua língua molha o caminho da boca até o ouvido
ele fala baixinho no ouvido
"isso, geme pra mim"
fazia muitas transas que eu não sentia este prazer
de ser tocada, desse jeito, sem esforço
sem cena - o homem que fala que ama buceta, quase nunca ama mesmo.
ele tenta colocar o tecido para o lado, mas o shorts é justo demais
então eu me levanto
e tiro.
sentado no sofá ele me pega pela mão e me puxa pra si
me sento em cima dele, de frente
sinto sua excitação mas antes de qualquer movimento
eu só o olho
eis aqui
o perigo dos sexos casuais - este olhar.
ele me olha de volta
eis ali
outro perigo - a expectativa.
pego seu rosto com as duas mãos e chupo seus lábios
enfio a língua na sua língua e sustento a confusão de movimentos - rápido, devagar, mordida, lambida
tudo se molha sem muita pressa ou pretensão - por mim, ainda que não haja penetração, teria sido, um dos melhores sexos da minha vida.
ele faz parecer que meu corpo é leve, num movimento brusco minhas costas toca o sofá
minhas pernas ainda ao redor da bacia
seu peito
aberto
por cima da camisa de cetim que visto
ele se movimenta para nossos corpos colidirem
eu vou abrindo os botões da camisa
ele solta o peso do corpo
nossas peles se encostam
grudados
repetimos o movimento da onda como se ele estivesse penetrando - mas não está
ele sobe um pouco o joelho e pressiona minha buceta
gemo um pouco alto porque esse movimento não era esperado
ele faz de novo
e eu gemo mais
ele agora faz mais força com a coxa
sobe a mão e pousa ao redor do meu pescoço
coloco a calcinha para o lado e deixo sua coxa molhada
espalho o suco conforme roço meu sexo na tua pele
isso o excita
ele me enforca
"que delícia, você tá toda molhada"
eu não consigo nem falar
ele não para de ir e vir
toco seu rosto
com força
ele aperta mais meu pescoço
enfio dois dedos na boca dele
ele chupa
"tô louca pra sentir seu pau"
arrasto os dois dedos pra fora e bato na cara dele
ele sorri malicioso e vem me beijar carinhosamente, mas ainda pressiona a mão grande na circunferência delicada do pescoço
eu fico tão excitada que me esfrego inteira no seu corpo
a buceta arde quente querendo mais
eu peço
ele pede - "goza na minha coxa"
não será difícil porque quando me pede assim, eu obedeço
eu gosto que me peça pra gozar.
nosso corpos parecem ter ensaiado esses movimentos, tamanha sincronia
milimétricamente calculado para ser perfeito - estivesse um centímetro para o lado e eu não sentiria tanto tesão numa coxa.
ele percebe que a palavra mexe comigo
e fala mais
"eu quero seu gozo na minha coxa"
"eu to louco pra fuder essa buceta"
"isso, geme pra mim"
ele cospe no meu peito
e abocanha em seguida
aperta mais o pescoço
eu falo com dificuldade
que vou gozar
arranho suas costas
arranho seu couro cabeludo
tento controlar a intensidade do gemido
mas
gemido de orgasmo
é mais primitivo
do que belo
quando estou gozando, naquela fração de segundo
ele enfia o pau
e começa a me comer
e eu não consigo parar de gemer ou de escorrer
paro de me movimentar
relaxo
ele me come
eu sorrio
incrédula ainda
ele tira o pau rápido
e goza, também, na minha coxa.
cai seu corpo sobre o meu
e fechamos os olhos
"caralho" eu penso.
"caralho" ele fala.
rio da coincidência - eu não saio inteira dessa.
cada vez que eu olho para o sofá
uma memória vive.
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