Coloco meus pés fora do carro,
Grama verdinha da chácara,
Sinto o ar puro e o calor do sol,
“Não tem como o dia ser tão ruim, né?”
Comida e bebida de graça,
Valeu a pena vir.
O primeiro drink desce como água para quem estava com sede há séculos,
Refrescando o corpo quente do sol,
Verão é a melhor época do ano,
Até que vejo alguém se aproximar,
Tiro o óculos de sol,
E lá está você,
A garota que sempre me irritou,
Mais radiante do que nunca,
Cabelos vermelhos agora,
Piercing no umbigo,
Toda solta e maluca como sempre foi,
Não sei explicar, mas tem um ar diferente que não entendo ao certo,
Você diz:
“Oi Ba, quanto tempo!”
Faço a social pra saber da sua vida,
Mesmo que você me irrite,
Falo com respeito como sempre fiz,
Mesmo com o famoso ranço,
Mas agora com um frio na barriga,
De algum jeito sua voz me arrepia.
Intrigada com essa sensação que não consigo explicar,
Descanso no sol,
Fecho os olhos,
Ouço uma música que não conheço,
Mas já me revira o estômago,
Certeza que é você com seu gosto de patricinha,
Queria meus fones de ouvido, isso sim,
E quando abro os olhos,
Vejo você,
Do outro lado da piscina, mas na minha direção,
Tira a saída de banho,
Passa o protetor solar,
Primeiro pelos ombros,
Desce pelos braços,
Pelos seios,
Barriga,
Bunda,
E pernas,
Por que estou olhando?
Você olha de volta e sorri,
O que foi isso?
Começo a ser invadida por pensamentos que nunca imaginei ter,
Não por você,
De querer te tocar,
Devorar você e toda essa chatice que você sempre teve,
Porque de repente tudo se misturou,
Ou transformou?
Será que você sente o mesmo?
Mas não ali…
Com a nossa família,
Aparentemente você não parece temer,
Ou essa graça toda é sem querer?
Essa sensação começava a me perturbar,
Só queria ficar em paz, mas você veio me incomodar,
A cada instante começo a te querer mais,
Mas não é lugar,
E se você não quiser?
De repente te escuto conversando com alguém:
“De que adianta este corpinho todo se ninguém me quer, né?”
“Para de ser dramática Lu!”
Engulo seco e quero te mostrar que está bem errada.
Decido explorar essa chácara distante e espairecer,
Ao lado da porta da cozinha tem uma escada,
Subo como se tivesse fugindo das minhas próprias vontades,
Chego em uma cobertura,
Vazia,
Parecia que estava sendo reformada ainda,
O céu azulzinho,
A vista para as montanhas,
Tudo isso me leva longe,
Me sinto leve e aliviada de não estar perto do caos da cidade.
“Fugindo da gente é?”
Como você chegou aqui?
Eu estava de costas para a escada,
Tão hipnotizada pela vista que nem percebi que alguém podia subir,
Você pede desculpas pelo susto,
Tocando as minhas costas,
Eu digo que tudo bem,
Mas talvez você precisasse se desculpar um pouco mais,
Me olhar,
Me tocar um pouco mais.
Apenas sorrio,
Estava sem palavras,
Até que jogo o clássico elogio, que poderia vir de uma amiga,
Mas acompanhado de um olhar que te invade,
“Está linda, viu?”
Você toca meu cabelo e se aproxima,
“Pelo visto você caiu na minha”,
Que raiva! Mas que tesão,
Não resisto e te beijo,
Você conseguiu o que queria e eu também,
Você coloca uma mão na minha nunca,
E a outra na minha cintura,
Seria verdade que o ódio pode se transformar em desejo?
Aperto sua bunda e beijo seu pescoço,
Sinto nossos seios se tocarem,
Já estou ficando molhada,
Digo:
“Alguém pode aparecer!”
Você responde:
“Sei como resolver isso.”
Você abre uma porta cheia de coisas guardadas,
Mas com uma cadeira,
Eu faço você se sentar,
Fecho a porta,
Só tem uma fresta de luz entrando pela janela pequena,
Melhor ainda,
Sento no seu colo e te beijo,
Aproveito para acariciar seu rosto,
Seu pescoço,
Seus seios,
Até chegar na sua buceta,
Não foi tão difícil,
Afinal só estamos com o biquíni,
Te toco e aos poucos o ritmo aumenta,
Também me esfrego,
Acompanhando seus movimentos,
Me excitando cada vez mais,
Você arranha minhas costas,
Nos beijamos intensamente,
Enfim gozamos,
Você geme baixinho no meu ouvido,
Em silêncio pra ninguém ouvir,
Talvez realmente com perigo seja mais gostoso,
E com toda essa tensão entre nós.
