Pessoas,
Dezenas,
Sonhadoras e depressivas,
Silenciosas e falantes,
Espaçosas e que ocupam o menor espaço possível,
Olhares vidrados na tela,
Ou vagando em um inexistente horizonte.
Dentre uma estação e outra você entra,
Tatuagem no braço,
Piercing na boca,
Cabelo castanho claro,
Roupas que destoam entre toda a multidão,
Transbordando leveza,
Um olhar sincero e que
Surpreendentemente e inesperadamente paralisa ao ver o meu,
Te conheço de algum lugar?
Sim, com certeza,
Mas faz tanto tempo...
“Lembra de mim?”,
“Você ainda tem contato com o pessoal da escola?”,
Poucas perguntas desbloquearam lembranças,
Quase esquecidas e trancadas em um baú distante,
Boas, leves, nostálgicas,
Você esteve presente em boa parte da minha infância e eu nem lembrava.
Conversa vai e vem,
Não consigo parar de pensar em como você ficou gostosa,
Charmosa,
Uma pessoa nova e vagamente conhecida ao mesmo tempo,
Como se fosse em outra vida,
Na época isso não se passou na minha cabeça,
Mas agora só penso em te beijar e se você faria o mesmo,
Como já dizia Cássia Eller:
“Será que ela quererá?
Será que ela quer?
Será que meu sonho influi?
Será que meu plano é bom?
Será que é no tom?
Será que ele se conclui?
E as gatas extraordinárias que andam nos meios onde ela flui
Será que ela evolui?
Será que ela evolui?
E se ela evoluir, será que isso me inclui?
Tenho que pegar, tenho que pegar
Tenho que pegar essa criatura”.
Instigada, louca, enfeitiçada a levo pra sair,
Conversamos sobre tudo e mais um pouco,
Prazeres, dores, desafios,
Sobre esse mundo louco,
Pela primeira vez penso em não pensar e só me jogar,
Afinal nem pensei que te encontraria, sequer lembrava que existia,
Conversa vai e vem, você se encosta sobre meu ombro,
Só penso no quanto seria um assombro,
Continuar do seu lado sem te acolher e devorar ao mesmo tempo.
Despretensiosamente minha mão se entrelaça no cabelo da sua nuca para um cafuné,
Você se ajeita,
Mulher poderosa mas que também é vulnerável,
Entregue,
Repousa em mim,
Logo levanta os olhos que ficam vidrados em meus lábios,
Nos aproximamos até que te encosto na parede e te beijo,
Lábios macios, desenhados, maliciosos,
Uma mão na cintura, outra na nuca,
Enquanto você arranha as minhas costas,
Pernas entrelaçadas,
Barriga, seios, tudo junto, se fundindo em chamas,
Até que sussurro,
“Quer assistir algo em casa?”.
Sem hesitar você vem comigo,
Comentando o inusitado,
Contando da vida,
Com toda a inspiração de ser quem é e orgulho do que faz,
Confessa como busca enfrentar os medos,
Você incendeia e brilha,
É alegria sem fim, sem medo de ser, nem de errar.
Já em casa uma taça de vinho, duas,
Você fica ainda mais solta,
Me fita com os olhos e me arrepio inteira,
Essa noite quero só você,
Me aproximo devagar,
De propósito para te instigar,
Você me puxa e me agarra,
Te beijo,
Sento em cima de você,
Devagar te arranho por baixo da sua blusa,
Até chegar nos seus seios,
Quando mais aperto eles, mais você enlouquece,
Aperta minha bunda me puxando ainda mais pra perto,
Gostosa,
Presente inusitado do universo,
Para o meu prazer,
Pro nosso,
Juntas no mesmo embalo,
Arrasto o pescoço da sua nuca e beijo o seu pescoço,
Mordo, assopro,
Enlouquecida com cada toque meu,
Você toca parte do meu corpo,
Com movimentos cada vez mais rápidos,
No meio de tudo ainda para de me beijar,
Me encara e sorri,
Lambe meus lábios e foge do beijo,
Me atiça e desvia,
Vem cá, safada,
Agora te pego de jeito.

Tiramos a roupa até que enfim,
Agora quentes e distantes do frio lá fora,
Esfrega sua buceta na minha,
Toda molhada,
A minha e a sua,
Cada vez mais rápido,
Arranho e aperto tudo que consigo tocar do seu corpo,
Você geme,
Se contorce,
Gozamos juntas,
Mesmo ritmo, gozo, prazer,
O acaso mais lindo que já pude viver.







