antes das palavras vulgares que aqui escrevo, consumo alguma coisa que alimente o intelecto pois sim, é ele que alimenta o que me molha
me atrai o saber e ler sobre os desejos da carne é como abastecer este acervo de luxúrias
mas não só:
antes das palavras vulgares moldo acerca do misticismo a volúpia
porque o mistério,
o profanamente inexplicável
me seduz.
consumo alguma coisa de ciência [ como todas as terminações nervosas do clitóris, os feromônios e as dopaminas e etc ] mas não me debruço muito - consciência em demasia esfria minha pele quente.

eis aí o estímulo que hoje me pulsa: sal.
sal é também o fonema do teu apelido - apelido esse que tenho pra mim, mas não te chamo assim, embora eu gostaria de sentir o sal da sua graça na língua - com a boca empossada de seu nome, aprendendo um gosto que ainda desconheço.

este conto me vem em carta.

te escrevo, Sal. empoçada de água salgada, saudosa, te escrevo.

tua lembrança me invade tal qual sua língua acordando minha virilha pela manhã.
em tempo, percorro minha pele com as mãos tentando te encontrar esquecido em alguma parte do corpo.
caminhando os dedos por toda pele, paro no peito e o belisco até que fique durinho, como você gosta.
tocando os seios com as duas mão, amacio a lombada que leva ao mamilo, imaginando sua boca bem aberta tentando acomodá-lo inteiro dentro dela e depois, fechando, com a embocadura feita exatamente para abraçar o biquinho - e simulo enquanto aperto mais com as pontas dos dedos
uma mão em cada
me esfrego na cama
torço o pescoço para o lado
sinto o toque do travesseiro na orelha
depois na nuca
e tento alguma lembrança da quentura da tua boca nas costas
deslizo os pés
e o frescor do lençol me pede uma volta no corpo
barriga para baixo
você embaixo
a buceta quente
a faísca que sai da gente
um pensamento me interrompe, bem aqui
na dificuldade de seguir te imaginando
é que você é tão presente
e tão real
que me falta a andança na imaginação
tudo, a gente faz 
não tenha nada que eu queira
tanto
que eu precise escrever
pra me esconder
lembrar de parar
de me esconder 

volto à pele
me espalho entre as colchas
roço nas coxas
os travesseiros
rápida e sútil
um movimento chega a afundar o colchão
enquanto outro
toca a superfície com a delicadeza de uma poeira
daquelas que a gente vê no sol da manhã na fresta da janela
um monte, pequeninas
dançando no ar.
amasso essa cama com profunda vontade de arrancar teu cheiro dela

travesseiro na buceta
fodo
bem gostoso
assim

tiro uma foto
te envio
você diz
'nossa'
quase escuto 
teu timbre excitado
eu gosto
de falar essas putarias com você.

você envia uma foto
com a mão no pau por cima do moletom
quase escuto
o som do elástico, puxando para baixo
eu gosto
de desejar essas putarias com você.

te escrevo Sal, de buceta encharcada.