corre, vem me ver
corre, corre, corre - minha boca tem pressa.
pedi que viesse
falei do desejo
da fome
eu falei - te quero
e para que eu fale isso,
você deveria saber,
que realmente quero - sexo não me falta
mas um querer assim,urgente
me falta
então vem
porque eu quero muito.

nove horas da manhã a campainha tocou.
eu estava de camisola desde que o convidei
e resolvi recebê-lo assim,
pronta.
não nego, que quando quero muito alguém
meu coração de menina
trepida
incessante
no meu corpo de mulher
antes de abrir a porta
achei que ele saltaria boca à fora
e te cumprimentar
antes de mim.
é por isso que paixão não combina com minha persona lascívia - eu perco a mão.
sexo é um jogo que jogo sobrea.

quando o vi parado na porta, meus olhos afoitos
mediram dos pés à cabeça, a grandeza do seu corpo
quis imediatamente que me beijasse
e,
para minha sorte
ele vê as coisas
e me agarrou
tão fácil
como se fosse eu pequena
e perto de onde sua cabeça alcança
realmente sou
um trisco.
ele me segurou pela cintura
a mão grande consegue tocar quase as costas inteira
e eu pendurei os braços no pescoço dele
a mão pequena mal alcança o outro lado de sua nuca
penso no contraste dos nossos corpos
e no encaixe
que não lembro bem
mas em alguns instantes, vou me lembrar.
a barba dele raspa na pele delicada do rosto
e ele beija rápido
como se disputasse a ligeireza com o tempo - quanto tempo a gente tem até que eu me apaixone e precise sumir da sua vida?
porque é exatamente isso
que vai acontecer
quando nos despedirmos hoje.
falo por mim: eu transo com paixão uma vez só. é que me pesam feito chagas os amores.
eu adoro fazer sexo quando acordo.
é, para mim, o ápice do despudor: o corpo ainda está silencioso
atravessado pela noite
quieto
e,
portanto
consciente de sua natureza.
conforme ele me beija
vou parando de tatear esses pensamentos covardes - eu e o medo de sentir-sentindo
ele toca minha lombar com menos carinho
mais fúria
e respondo
pendurando-me nos ombros largos
prendendo minhas pernas nas costas largas
ele me estanca contra a parede do corredor
a palma da mão direita pousa no rosto e quase cabe inteiro dentro dela
ele desce um pouco e agarra meu pescoço com um pouco de força, um pouco de delicadeza
ele separa nossas bocas molhadas
e me olha nos olhos enquanto a mão desenha um caminho
até a alça da camisola
que arrasta com um só dedo
até que ela caia na metade do braço
ele desce o olhar para o seio exposto
beija
como se fosse a extensão da minha boca, com a mesma vontade
com o mesmo ritmo faminto.
para além dos pés, onde o toque muito me excita
os mamilos
me alucinam
tem um lago
prestes a derramar
é só não parar
que eu vou gozar
ele desce a mão para tocar a buceta
e a encontra
aguada
viva
pronta
enfia um dedo
depois outro
o lábio morde o bico do peito
gemo no seu ouvido
algo me diz
que ele sabe que eu não vou aguentar muito tempo
ele entra e sai com os dedos cada vez mais rápido
mil e uma obscenidades atravessam meus ouvidos
eu faria qualquer coisa que ele me pedisse agora
ele ainda está vestido
eu nem toquei seu pau
eu nem disse bom dia
mas não seguro
é o que ele quer
que eu comece gozando
e depois ele vai me comer
e vai gostar de pensar em meter numa buceta gozada
ou talvez ele queira me chupar
uma fonte
um bebedouro
jorrando
as águas
me excitam
gozo em tua mão
impossível ele não ter percebido
minha expressão não mente
ele sorriu
e disse
bom dia.







