A rotina cansa, sufoca, exausta,

Quanto mais corro, mais pareço longe de chegar,

Presa nesse ciclo sem fim,

Cada vez mais longe de aproveitar de fato a vida, de fazer algo novo, de descansar,

E no meio dessa rotina desgastante me conformo.


Uma, duas, três, dez peças de roupas,

Uma a uma no cesto,

Uma a uma na máquina,

Me sento no banco da lavanderia do posto,

Fone no ouvido,

Play na série,

Respiro fundo,

Parece que me faltava ar e eu nem tinha percebido.


Ouço uma voz de fundo e respiro de novo,

Pra tentar disfarçar meu incômodo com o barulho,

Olho pro lado, dou o pause e tiro um lado do fone,

Vejo uma mulher linda,

Regata preta, shorts e chinelo,

Tatuagem nos braços,

Cabelo preto, pele morena, olhar profundo e sorriso simpático,

Ela diz:

“Ah desculpa, queria saber se vai usar a outra máquina, liberou agora!”,

Eu nego e falo pra ela ficar à vontade,

Queria continuar a série, mas algo me fez puxar assunto com ela,

Ela tinha um jeito de falar gostoso de ouvir,

Falou que tinha se mudado recentemente e que compensava mais lavar a roupa lá do que comprar uma máquina,

Concordei,

Hipnotizada pelas curvas do corpo dela,

O jeito que o quadril remexe ao andar,

Como os seios dela balançam quando ela se abaixa...

Que calor...


De repente a chatice da rotina se vai,

Num suspiro de empolgação de imaginar o sabor dela,

Levanto e vou tirar as roupas da máquina,

Quase esbarro nela, desastrada demais, como sempre,

Ela paralisa me encarando, eu também,

Encaro o decote dela e depois o rosto,

“Chega de roupa por hoje?”,

Ela me pergunta,

Eu respondo que sim, afinal queria aproveitar o fim de sábado ao menos,

Ela diz que vai preparar uma lasanha, uns amigos iam na casa dela, mas cancelaram,

Que eu estava convidada, afinal era muita comida só pra ela...


--


20h,

Chego na casa dela, ela exala um perfume delicioso que se mistura com o cheiro do creme de cabelo,

Uma casa simples, quase tudo vazio, mas mesmo assim já é aconchegante,

Um papo ótimo,

E uma vontade imensa de beijar aquela boca,

Digo, numa tentativa de provocar:

“Nem imaginei que a roupa de hoje ia render!”,

E ela:

“Pois é, mulher... Por mim pode render muito mais...”

Ela diz me encarando com um sorriso,

“Se depender de mim, também...”

Digo me aproximando dela,

Ela se aproxima de volta, me encostando na parede e me beijando,

Sinto os seios dela se encostando nos meus,

Os quadris próximos,

Me arrepio inteira,

Nossas bocas se encaixam e minha mão vai direto pra nuca dela enquanto a outra segura a cintura,

As dela seguram as minhas costas,

O beijo é cada vez mais intenso, com mordidas de leve nos lábios,

Uma hora ela para, me encara e sorri,

Sussurra no meu ouvido:

“Você é maravilhosa, sabia?”,

Me arrepio na hora,

Ela beija minha orelha,

Desce pelo pescoço enquanto aperta meus seios,

Reviro os olhos de tesão,

Aperto os dela também,

Até que ela tira a camiseta e o sutiã, eu a imito,

Encosta os seios nos meus e voltamos a nos beijar,

Nossas pernas se entrelaçam e começamos a nos esfregar,

Cada vez mais coladas,

Interrompemos pra ir no sofá.


Eu sento e ela agacha no tapete na minha frente:

“Posso beijar ela?”,

Consinto,

Tiro o shorts, fico só de calcinha,

Ainda bem que coloquei a lingerie mais bonita que tenho,

Ela beija e morde minha coxa,

Coloca a calcinha de lado, passa os dedos e me sente molhada,

Olha pra mim e morde os lábios de tesão,

Tira a minha calcinha e começa a beijar minha buceta,

Como se fosse a fruta mais saborosa que ela já provou,

Depois de beijar cada centímetro, ela estimula meu clítoris com a língua,

Acelerando aos poucos,

Mas nem demora muito e eu gozo na boca dela.


“Você curte usar strap-on? Deu uma vontade de meter em você...”,

Ela pergunta, eu falo que nunca testei, mas que topo,

Ela pega e veste um strap-on, coloca a camisinha e se deita,

“Senta em mim”,

Eu sento no colo dela, deixo o strap-on entrar devagarinho,

Rebolo aos poucos até pegar um ritmo,

Ela aperta meu peito com uma mão e toca meu clítoris com a outra,

Começamos a gemer, juntas,

Tudo isso, até então novo pra mim, dava muito tesão,

Segurei para aproveitar ao máximo,

Mas ela percebe e diz:

“Goza pra mim, gostosa, vai...”,

Em instantes gozamos, juntas, que mulher maravilhosa,

Jamais imaginei que lavar de roupa renderia tanto...

E veio muito depois, afinal, o jantar ainda nem tinha começado.

Escrito por :

Aline Cruz

Aline Cruz
Escrita sempre foi um refúgio e uma forma de transformar o que penso em realidade, antes em cadernos, hoje na internet como jornalista e redatora. Escrevo porque guardar tudo para mim seria egoísmo. Também faço teatro, mergulho nas músicas, viajo dentro de mim e também fora: sejam lugares, pessoas, histórias ou teorias.