deitada na rede vejo um feixe de sol tocar meus pés e aquecê-los carinhosamente
meu estômago se contorce com a vontade de te ver
fecho os olhos para ver os seus olhos
desenho enquadramentos específicos
a palma da minha mão ainda lembra da textura da sua barba
meu pensamento toca seu rosto com as duas mãos, há um mundo entre elas
imagino nossas testas se encostando, unificando tudo que fora fragmentado
tateio minha mágoa como se a diluísse no líquido desejo de amá-lo
roço meu nariz no seu, inalo o mais fundo que posso, querendo seu cheiro incorporado na corrente sanguínea
sinto uma alegria de menina quando surge teu sorriso, nítido, guardado em alguma dessas gavetas que fuço agora tentando chegar perto de você.
sinto também uma doçura, que há muito não me acometia - ninguém poderia amá-lo como eu.

roço os pés nos fios trançados da rede
respiro fundo, é claro que já estou excitada - depois de pensar seu sorriso e seu cheiro, minha boca chama teu gosto.
lembro dos beijos
alcanço a buceta
pouso a mão mas ainda não mexo
sinto a calidez da saudade entre as pernas
esfrego com delicadeza
você beijando minhas costas
meu pescoço molhado da sua língua, sua língua agridoce da minha pele
você puxando meus cabelos
minha cabeça dominada pela sua mão, sua mão molhada dos fios suados
você metendo forte
minha bunda sente o tranco de cada vinda sua, eu gemendo pedindo 'me fode'
você sentado e eu sentando em cima de você
teu olhar de tesão
teu coração saltando me avisando que daqui a pouco você goza

navego imagens criadas com os dedos afundados na buceta
os pés ainda roçam do tecido da rede, 
o sol se abaixa mas ainda aquece os pés
minha coxa diluída em fluidos e suor
com a outra mão levanto a blusa
acaricio meus peitos
belisco um mamilo pra pensar na sua boca chupando ele
me movo para frente e para trás
arranco de mim o sexo que só eu sei me dar
por vezes
muito melhor
do que quando partilho
transamos eu, minha mão, a tardezinha e sua imagem
a rede balança
parece uma dança
os pássaros cantam
eu gemo
minha buceta goza
e você
é só uma memória.

corro para ver você,
como se a rua me dançasse o percurso todo
como se meu corpo todo celebrasse os trajetos que levam à sua companhia
quando a gente se encontrar
meu bem
minha pele vai queimar
eu vou pousar as mãos no seu pescoço,
cuidado que eu te roubo um beijo, moço.