quando comento com alguém que escrevo contos eróticos, geralmente as reações são de surpresa, curiosidade ou de julgamento. Os surpresos provavelmente nunca conheceram alguém que escreve ou não sabem que alguém de seu círculo escreve – e é de seu direito não falar sobre. os curiosos geralmente pedem para ler algum e o julgadores creem que minha vida sexual é muitíssima agitada e, se for homem ainda corro o risco de algum comentário desse tipo: “hm deve saber tudo sobre sexo então”.

a verdade é que comecei a escrever poesias eróticas muito antes de ler o que já existia por aí. não havia ainda consumido nenhum tipo de leitura desse gênero quando dei espaço para a necessidade que eu tinha de escrever, em parte por não saber que existia (como tudo que envolve sexo-sexualidade-desejo é tratado como tabu, o acesso a este tipo de conteúdo fica bastante restrito) e em parte porque não imaginava que viria a escrever profissionalmente um dia.

a vontade de consumir erotismo à fim de vivenciar a minha sexualidade de acordo com o que sentia e a não identificação com a pornografia, me encaminharam para o campo da imaginação. Como diria minha amiga Naiade em um de seus escritos: “escrevo porque escrevo, escrevo pra escrever em si, escrevo quando não escrevo, escrevo.”

recentemente comecei a estudar alguns escritores e suas obras com intuito de alimentar minhas referências e resolvi trazê-los aos poucos para que vocês também ampliem as fontes de estímulos!

Mas antes, vamos falar um pouco sobre este gênero caliente

O erotismo e o sexo estão associados à sociedade e a cultura humana desde o início dos tempos, e a literatura não foi uma exceção, embora tenha sido muitas vezes submetido à censura por ser considerado um tema reprovável e pecaminoso. São frequentes as referências a sexo ou passagens eróticas em várias obras, não como o tema principal, mas como capítulos isolados que contribuem para a evolução da história ou o desenvolvimento de um personagem. Por exemplo, é possível encontrar fragmentos claramente eróticos em Dom Quixote de Cervantes ou em Ulisses de James Joyce, mesmo que não se consideremos tais obras como pertencentes ao gênero.

O ponto é: desde que o mundo é mundo as pessoas não só sentem vontade de fazer sexo como de falar sobre. E assim como assistir um filme pode mexer com nosso desejo, ler, acredite, é ainda mais potente.

Ler, por si só já é uma atividade que faz muito bem para saúde, memória, concentração, ampliação de vocabulário e além de tudo é uma atividade relaxante. Agora, ler conteúdo erótico estimula a vida sexual, ensina sobre relacionamentos – ajuda a desmistificar convicções errôneas que as pessoas costumam ter, serve como inspiração e ainda proporciona diversão.

De acordo com um estudo publicado no The Journal of Sex Research, mulheres que fantasiam com frequência – algo comum quando leem livros eróticos – costumam também fazer sexo com mais frequência. Além disso, elas se divertem mais na cama e se envolvem em uma ampla variedade de atividades para manter a vida sexual cheia de entusiasmo.

E o que é erotismo?

Segundo o dicionário:

1. estado de excitação sexual.

2. tendência a experimentar a excitação sexual mais prontamente que a média das pessoas.

Segundo nosso amigo Wikipedia:

“O erotismo é o estímulo sexual sem apresentar o sexo de forma explícita, que é o que diferencia de pornografia. O erotismo (do francês érotisme, "desejo sexual") designa, de modo geral, não apenas um estado de excitação sexual, mas também a exaltação do sexo no âmbito das artes, como na literatura e na pintura. (...)”

Agora fazendo um paralelo entre elas: A palavra erotismo gera muitas confusões e a primeira está na tentativa de fazer do erotismo um sinônimo de sexualidade. O erotismo se manifesta também na sexualidade – mas não só. O erotismo não se resume ao uso dos órgãos sexuais, é uma forma de ligação impulsionada por um desejo. O principal veículo do erotismo é a linguagem, verbal e não verbal.

Já para Bataille o desejo é desejo de limites e desejo de ir além dos limites: a transgressão ultrapassa e nunca para de recomeçar a ultrapassar. Mas a transgressão não pode ir além do "universo estrelado". A transgressão não é mais do que imaginação, e o limite não existe fora do entusiasmo que a atravessa e a nega:

“O erotismo é, inevitavelmente, transgressor, visto que o desejo humano é excesso: existe na natureza e subsiste no homem um movimento que sempre excede os limites, e nunca pode ser reduzido senão parcialmente" (BATAILLE, 1957, p.46).
“O desejo impele ao descomedimento: sendo excesso, violência e destruição, o desejo é também autodestruição, perda, perda de si. O excesso, o fora-da-lei - o gozo, segundo Lacan - se relaciona à morte: avançar em direção ao descomedimento, ou em direção à perda (até o "louco" gasto [BATAILLE, 1967]), é avançar em direção ao gozo do Outro. Nesse sentido, a plenitude do gozo corresponde a um momento de perda total de si. Eu só gozo fazendo o Outro gozar: eu gozo e ao mesmo tempo me apago, eu me igualo ao nada, não existo mais como sujeito. Meu gozo é também meu desaparecimento.”

A ideia da morte atrelada ao orgasmo já esteve presente aqui no blog numa matéria sobre disforia pós coital, vale a pena conferir e traçar as rimas com essa citação acima.

O que ressoa em mim e, adoraria saber como ressoa em você, é como passamos a maior parte do tempo montados na personificação do controle – a falsa sensação de controlar tudo ao redor – quando o grande êxtase de existir mora justamente no descontrole. Tenho pensado muito numa frase que li e a deixo em sua companhia agora:

“É do lado de lá da fronteira ultrapassada que o desejo começa".

 (LACAN, 1961-1962/2000, p.289.).

Onde encontrar leituras eróticas?

Aqui mesmo no blog da Exclusiva Sex toda sexta feira no quadro “convite ao delírio”, você pode encontrar contos, poesias e até outras formas artísticas do erotismo, como ilustrações, indicações de filmes e etc.

Existem outras páginas que também têm um conteúdo interessante: WetVividDreams, presente no Instagram e que também ganhou uma coluna na Glamour Brasil. Dipsea é um aplicativo que oferece contos eróticos em áudio, narrados por vozes diferentes. XConfessions da maravilhosa Erika Lust, aqui com uma proposta mais explícita.

Os contos eróticos estão em alta, segundo uma matéria do jornal “O Tempo”, os números impressionam: mais de 100 milhões de páginas lidas pelo Kindle Unlimited (sistema de aluguel de livros) e 26 títulos que ganharam o selo de best-seller na Amazon.
Mundo à fora, teremos uma série de autores que vale muuuuito a pena conhecer e, aos poucos trarei um a um aqui para você!

Teremos nomes como Anaïs Nin, Henry Miller, Marquês de Sade, Marayat Rollet-Andriane (conhecida pelo pseudônimo Emmanuelle Arsan), Hilda Hilst, João Ubaldo Ribeiro, Isabel Allende, entre outros.

Enquanto esse dia não chega, te convido a salivar junto a mim com o gosto apurado de Anaïs Nin para descrever-nos um beijo:

“Boca encontrando boca, o prazer batendo como um gongo, uma, duas, três vezes como o bater de asas de grandes pássaros. Os corpos atravessados por um arco-íris de prazer. Pela boca fluíam um dentro do outro e a pequena rua cinzenta deixou de ser um impasse em Montparnasse. O balcão estava agora suspenso sobre o Mediterrâneo, o mar Egeu, os Lagos Italianos e pela boca fluíam e corriam através do mundo.”

E vem cá, o que é erótico para você?


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Fontes:

https://www.scielo.br/j/agora/a/dM948LQkxRxkM3wgzd9tKrd/?lang=pt
https://pt.wikipedia.org/wiki/Literatura_er%C3%B3tica
https://www.metropoles.com/colunas/pouca-vergonha/livros-eroticos-ajudam-a-mulher-a-se-emancipar-diz-autora-do-genero
https://www.segs.com.br/demais/306552-cinco-motivos-para-ler-um-romance-erotico
https://observador.pt/2017/08/27/a-literatura-erotica-ainda-e-possivel-no-seculo-xxi/
https://claudia.abril.com.br/noticias/7-dicas-de-livros-eroticos-para-uma-leitura-prazerosa/
https://fortissima.com.br/2015/11/24/confira-4-motivos-para-investir-na-literatura-erotica-14712195/