desde que trocamos os olhares luxuriosos de janela para janela
ele não apareceu mais na janela e ela também não
poderiam ter viajado, mas a janela está quase sempre aberta
poderiam der mudado de casa, mas não sei se moram juntos
uma pequena parcela do pudor sôfrego que ainda me resta, alivia-se com a ausência
enquanto grande parcela de meu despudorado desejo, arreganha-se junto às cortinas logo pela manhã
todos os dias

hoje saí do banho um tanto atrasada e decidi ir até a padaria tomar café para economizar tempo
vesti o short jeans que estava mais próximo, apoiado na cadeira
uma camiseta branca qualquer
cabelos ainda molhados
janelas abertas
creio eu, que a fofoca da explicitude dos corpos nas varandas chegou ao porteiro
que desde então sorri maliciosamente pra mim.
na padaria, o de sempre: um pão de queijo com requeijão na saída, um café preto sem açúcar
enquanto espero
um cigarro na calçada
um olhar ao redor, uma redenção ao céu azul quase royal ao meu olhar exagerado
eis que
um homem se aproxima
chinelo nos pés
camiseta branca, como eu
short do pijama, penso eu - a julgar pela estampa de gosto duvidoso
conforme se aproxima, os olhos se encontram
é ele
o vizinho
dono de todas as minhas mais recentes siriricas
o sabor do constrangimento se enrola na minha língua seguido de uma dúvida insistente: ele me reconheceu também?
ele tem os cabelos encaracolados, e realmente alguns fios são brancos
ele não desvia os olhos
e quando passa por mim
passa reto
direto para dentro da padaria
e eu, um tanto frustrada
um tanto aliviada

meu pedido chegou, me sento ali mesmo, numa mesa posta na calçada
de costas para a porta, agora querendo não ser reconhecida mesmo.
um gole no café
ouço o arrastar do chinelo no chão
deve estar no caixa, logo ele vai
o chinelo se arrasta mais perto
mais perto
mais per.. "posso me sentar aqui?!"
socorro.
eu olho para cima, incrédula.
"bom dia". sorriso largo, barba cerrada.
"bom dia".
"posso?"
"à vontade". apontando para a cadeira vazia em minha frente.

mordisco o pão de queijo, receosa pelo diálogo que provavelmente vai se estabelecer.
ele bebe o café e olha pra mim
eu sorrio em algum momento
"isso é um pouco constrangedor"
"ah é? só porque eu assisti você gozar?"
"você não sabe se eu gozei..."
"deixa eu ver hoje então"
silêncio.
"como você chama?"
"eu te falo lá em casa"
"não mas eu nã.." ele me interrompe: "décimo terceiro, apartamento 135"
"mas eu.." e novamente interrompida, ele fala enquanto se levanta
"te espero lá"
ele se aproxima de mim, curva-se pra alcançar meu rosto, e beija lentamente meu rosto.
"até logo"
eu não vou. cara ousado,
eu não vou.
eu fui.
informo na portaria o número de onde vou
sinto que este porteiro também soube do episódio
sinto que ele sabe o que estou indo fazer
não me importo
na verdade
gosto um pouco.
desço do elevador minhas pernas estão um pouco trêmulas
o nervosismo me paralisa na frente da porta e fito os números um, três e cinco
não estou bem com essa roupa, eu devia ter parado em casa antes
mas agora já estou aqui
ele abre a porta
"entra"
"licença"
vejo ali mais ao fundo, a varanda que testemunhou nossa putaria e ando em sua direção
ele me puxa pela mão

me arranca um beijo
me arranca a blusa
me chupa os peitos
me levanta do chão e eu fecho as pernas ao redor dele
me leva pra cama
me arranca o shorts
me enfia a língua
belisca o mamilo
se levanta e abaixa o shorts
eu me levanto, também quero chupar
ele não deixa
me vira de costas, me coloca de quatro na cama
enfia o pau
me fode gostoso
eu nem percebi como estava molhada
foi tudo muito rápido
ele roça a barba nas minhas costas
me come com força
ele alcança minha buceta com os dedos
e esfrega dois dedos no clitóris
com a mesma força que penetra minha buceta
eu gemo baixinho
aviso que vou gozar
ele só fala
"já?"
e antes que a sílaba termine na sua boca
eu gozo
sinto o tesão escorrer virilha abaixo
ele ainda me fode
minhas pernas tremem - agora não mais de nervoso
ele se afasta
me vira de frente
deita sobre mim
e me come mais
beija meu rosto
minha boca
meu pescoço
lambe minha língua
e não para de entrar e sair
ele não goza?
ele enfia as mãos embaixo das minhas costas entre o colchão e minha pele
como se fosse uma coreografia ele vai girando nossos corpos
agora estou por cima
ele pressiona minha bunda
o pau entra mais, eu me excito mais
ele trepa gostoso demais
"rebola no meu pau"
finalmente eu vou fazer alguma coisa - até agora eu só fui devorada
rebolo e mordo o lábio
cerro um pouco os olhos
não fazendo cena
mas porque eu estou quase gozando de novo.
ele agora apoia as duas mãos na minha bunda e e aperta forte
dá um tapa
e começa controlar o meu movimento pra frente e pra trás
ele bate nos meus peitos
nos dois
aperta os biquinhos
sobe as mãos e com elas abraça meu pescoço
ele aperta
aperta mais
eu desço uma das mãos e esfrego meu grelo
ele aperta mais
eu falo baixinho com o pouco ar que tenho - vou gozar de novo
ele bomba mais forte
me olha nos olhos
eu esfrego mais
gozo e todas as minhas forças caem
caio sob seu corpo e ele me segura
mas não tira o pau de mim

ele nos move de novo
agora eu embaixo, ele em cima
ele sai de mim
eu quase agraço
minha buceta arde
ele vem lamber meu gozo
se apoia sob os joelhos na cama
e goza na minha barriga.









