Gira à sós, nossos corpos sincronizados
coreografamos um número esbraseante
fantasio o mundo assistindo nosso desfrute
até pouco tempo atrás, transávamos falantes, extasiadas pela obscenidade das letras rolando na língua como se os beijos molhados estivessem implícitos em cada verbo
algo mudou depois de ontem – talvez uma conexão mais potente: quando no silêncio também se inaugura uma linguagem, um formato arrebatador para corações disponíveis ao afeto, como o meu.
madrugada, o silêncio também está posto lá fora
você me beija devagar e depois roça o nariz no meio dos seios, pousa o dedo na pequena pinta que marca o centro do meu corpo, agora lambe com força, como se fosse tirá-la dali com a língua
empurro seus ombros em direção aos pés, tentando levar sua boca ao lugar onde desejo esse mesmo empenho
passa a língua na aresta que demarca o que é virilha e o que é coxa, e me sobe à coluna um gemido baixinho que te excita mais do que os fervorosos que até ontem eu propagava no ar
lambe a lateral dos lábios aquosos da buceta até chegar no clitóris
o vai e vem da língua, ponta da língua rígida
impulsiono o ventre um pouco pra frente e abraço seu pescoço com as pernas
fantasio novamente o mundo assistindo nossos arquétipos queimosos, eu queria que todo mundo visse como você chupa gostoso
levanta a cabeça pra me olhar e lambe a boca, nenhuma gota do sumo desperdiçada
volta a me chupar
me penetra um dedo
agora me mexo sutilmente pra frente e pra trás, enquanto contraio os músculos da vagina, apertando e soltando seu dedo – percebo seu súbito prazer, sorrindo lasciva a mulher que desejo
tira o dedo da buceta e ensaia uns movimentos circulares no ânus, muito me anima sua ideia, mas você desiste e leva este mesmo dedo dentro da minha boca com certa agressividade
enrosca o dedo no canto da boca e puxa, segura meu queixo com a mão, apertando forte
pressiona a palma contra a bochecha enquanto mergulha o polegar no céu da minha boca, eu gostei
bate logo, penso. Acredito que espera uma autorização, mas não quero romper o silêncio. Esfrego a bochecha com força na sua mão. Nada.
“bate na minha cara”, peço.
ela bate. notoriamente satisfeita.
desce a mão rapidamente, num ato lascivo, penetra o ânus
me contraio – um pouco dói, um pouco quero mais
volta a me chupar e enquanto entra e sai com o dedo, me pede: “goza na minha boca”
eu gozo.
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