Cigarettes After Sex
você me beija o queixo e pontilha em linha reta mais uma sequência de beijos curtos que findam no timo, onde repousa agora, seu nariz, num casulo perfeito
sinto sua respiração subir e descer em cócegas
apoio o queixo no alto da sua cabeça
tem o cheiro salgado do cabelo molhado
uma gota de suor escorre da minha nuca
navegando pelas costas
entre cabelos, pintas, desejo, silêncio
tem o cheiro salgado do seu cabelo molhado
parece que estamos
alagados
tem um cardume que rodeia nossos corpos imóveis,
assim deveria ser a morte dos amantes: estáticos no fundo do oceano
recifes de corais
vermelho-alaranjado
gemidos em coro
azul abundante
eu, você, nossas águas licorosas
puxo sua cabeça para trás, encontro sua boca, nossas línguas atravessam lábio, saliva, céu
percorro as mãos na rota do pescoço, ombros, braços, mãos
nossas mãos se enroscam numa concha – a casa da vontade
você recalcula minha rota e sobe pelos meus braços, ombros, pescoço e puxa meus cabelos para trás, deitando meu corpo e se deitando sobre ele
rosto e rosto
olho e olho
boca e boca
bochechas coradas, abafadiças – o sexo é rubro em todo lugar
você contorna meu mamilo com a ponta do dedo, com o peso de uma borboleta numa folha, até que fiquem ouriçados
pedintes
pousa os lábios um pouco abaixo do peito pra subir com a língua a lombada que deságua no mamilo
encharca de saliva a superfície arredondada e texturizada
peito molhado, buceta molhada
afluentes
você esfrega a glande antes de entrar, devagarzinho
tem aquele pequeno impulso, que encaixa o sexo, alinha os planetas, verte água
camadas aquíferas
entra e sai
vai e vem
escorrego a mão até o clitóris, dedo médio e anelar rebolam em fricção
tesão oceânico
você tira o pau e assiste o ímpeto dos meus dedos
avança dois passos com os joelhos e roça a cabeça do pau por entre peitos, bicos, fome e malícia
avança um pouco mais e enfia na minha boca
danço a ponta da língua no prepúcio com a pressão certa
com minha outra mão toco sua bola e você entra mais
entra e sai
entra mais
cada vez mais
banhado nas águas da garganta, você mete mais
cada vez que engasgo
mais água transborda-me boca, bochecha, queixo, pescoço
quanto mais inundada
mais você expande a nascente do rio
me excita o derramamento,
gozo
e gozando o corpo se contrai e se abre, mar revolto antes – calmaria depois
no frenesi do que me salta às bordas
você goza também, no céu da minha boca
- o fim do sexo, é oceano em todo lugar.
Eu poderia ser sommelier de pão de queijo ou algo tipo Marie Kondo. Mas a palavra é meu lugar, então escrevo: redatora, copywriter, roteirista e canhota.
Coloco ideias no papel e as tiro de lá com muita facilidade: fui produtora por doze anos, fazer acontecer é comigo mesma. Cinema, teatro, shows, eventos e entre um e outro tirava o caderninho da bolsa e me debruçava na poesia e nos contos eróticos – agora me concentro em saber tudo o que não sei para esse blog funcionar.
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Cinthia Morelatto