Desde pequena sempre vivi amores,

Desejos, admirações,

Curiosidades sobre o outro,

Sempre havia alguém que me encantasse,

Que me chamasse atenção,

Que atraísse como um imã,

Que eu desejasse sentir o sabor,

Até mesmo antes de descobrir o tesão, o sexo,

A realidade de fato,

O desejo sempre me encantou e sempre construí histórias na minha cabeça.


Sempre acreditei no amor,

Mesmo me decepcionando,

Me desencantando e sofrendo com quem não fazia sentido pelo caminho,

Até que encontrei e descobri o mar de maravilhas e de aprendizados que é amar.


Sofri quando percebi que em mim há espaço para mais,

Que mesmo amando verdadeiramente não deixo de me encantar,

Desejar,

Ansear pelo novo,

Criar histórias com os outros,

Isso permaneceu guardado,

Escondido,

Proibido,

Censurado,

Me feriu quando descobri e perdi o controle,

Me torturou a cada instante que eu não descobrisse a verdade sobre mim mesma,

Que permitisse viver,

Que aceitasse,

Que meu desejo e meus amores continuam florescendo,

Mesmo quando vivo um amor verdadeiro.


Escrever contos é como dar vida a cada desejo que passou apenas pela minha cabeça,

Que não floresceu por falta de tempo,

De sorte,

De condições da vida,

De sincronia,

De disponibilidade ou compatibilidade,

Mas que mesmo assim existem em algum lugar do cosmos,

E sim, agora posso vivenciá-los,

Mas não é tão simples assim,

Ainda há adversidades,

Que não permitem que existam de fato,

Que podem doer e marcar para sempre,

Enquanto isso vibro por eles,

Sinto-os pulsando em minha pele,

Alguns de alma,

Outros de puro tesão,

Mas acabam fazendo parte da minha história,

Meus amores me transformam,

Me fazem ser quem eu sou,

Alguns nem viraram texto ainda,

Foram inventados,

Foram escritos nas entrelinhas,

Outros ainda virão,

Mas todos estão bem guardados em meu coração.