Atualmente é possível observar conversas e discussões relacionadas a LGBTQIAP+ crescendo, principalmente de forma educativa para combater o preconceito. Mas algumas letras da sigla acabam sendo discutidas com menor frequência e são tão importantes quanto as outras, como é o caso da “A”, de assexual, se refere a quem sente pouca ou nenhuma atração sexual.
Ao contrário do que muitas pessoas podem pensar, a definição não se resume em “pessoas que não transam”, isso porquê algumas orientações deste espectro podem ter relações sexuais, sim! Também é importante não confundir com pessoas que sofreram traumas ou perderam interesse sexual, por exemplo. O que não falta, assim como para outras letras da sigla, são mitos equivocados que dificultam a compreensão de quem está ao redor e acaba colaborando para aumentar o preconceito.
Leia este texto completo do blog da Exclusiva Sexshop para ficar por dentro do assunto, com muita informação e trechos de uma entrevista com uma pessoa assexual. Quanto mais conhecimento, menos preconceito!
O que é a assexualidade?
(Bandeira Assexual – preto se refere a assexuais estritos, cinza a atração parcial, branco a parceiros não-assexuais e aliados, roxo representa a comunidade como um todo.)
Como dito acima, pessoas assexuais no geral não sentem atração sexual como as pessoas que estão fora do espectro, seja pouca ou nenhuma, ou até mesmo podem perceber mudanças na ausência ou presença de desejo ao longo da vida. De acordo com dados do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, quase 8% das mulheres brasileiras e 2,5% dos homens de 18 a 80 anos, são assexuais.
É importante deixar claro que não se trata de uma disfunção, e sim, de uma orientação sexual, a falta de conhecimento sobre o assunto reflete na vida das pessoas assexuais ao longo da vida por desrespeito das pessoas a sua volta por tratarem como algo “anormal” ou “errado”. Para essas pessoas é natural e saudável, por exemplo, que não haja o interesse em relação sexual, sem nenhum tipo de sofrimento ou problema.
Existem “sub-orientações” dentro da comunidade, confira as principais:
• Assexual estrito: quem não sente atração sexual por nenhuma pessoa, de nenhum gênero.
• Demissexual: pessoa que sente atração sexual apenas depois de desenvolver um vínculo afetivo com outra pessoa.
• Frayssexual: ao contrário da anterior, é quem sente atração apenas quando não há vínculo afetivo.
• Grayssexual: quem sente atração sexual em circunstâncias específicas.
• Cupiossexual: se trata de quem apesar de não sentir atração sexual, sente desejo ou vontade de ter uma vida sexual ativa.
• Assexual fluido: pessoa que transita entre as orientações assexuais (em um momento como demissexual, em outro como assexual estrito ou grayssexual, por exemplo).
Na internet existem outros termos também que são usados pela comunidade, como acevague (pessoa que tem sua assexualidade fortemente influenciada por ser neurodivergente), aegossexual (pessoa que não sente atração sexual, mas pode ter fantasias sexuais em resposta de conteúdos eróticos, mas sem vontade de participar), entre outros.
Não é tão simples assim
Na prática, a descoberta da própria orientação pode ser complexa ou até mesmo confusa, o que pode ser comum assim como outros processos de autoconhecimento, mas acaba sendo pior pela reação das pessoas pouco acolhedora e preconceituosa, devido à falta de visibilidade ou até mesmo pelo padrão relacional/sexual que a sociedade reproduz.
A Ana Clara Reges, que é assexual, conta um pouco quando começou a questionar a si mesma ao observar os próprios desejos na adolescência “Eu já sabia que era bi desde os 14, mas, mesmo sentindo desejo por algumas pessoas nunca foi algo constante nem tão alto a ponto de querer fazer sexo, mas pensava que era só coisa da idade (mesmo já conhecendo o conceito de assexualidade). Com 18 entrei numa crise por conta disso, via todos meus amigos falando sobre suas experiências e, por mais que não me constrangesse, pensava ‘era para eu também estar querendo tanto isso?’”
Assim como outras questões de autoconhecimento, pode demorar para juntar as peças e se entender, continua Ana “Daí fui pesquisar sobre e, bem, caíram várias fichas e passei a me entender e aceitar o que eu sou. Atualmente me identifico como acevague por saber que estou na zona cinza, mas a forma como a atração pode surgir e se manifestar não se encaixa em apenas um grupo.”
Preconceito (dentro e fora da comunidade LGBTQIAP+)
Existe uma grande deficiência no aprendizado das pessoas quando se diz sobre orientação sexual, o que resulta tanto na dificuldade das pessoas se conhecerem, quanto no preconceito que podem sofrer ao longo da vida, quando falamos sobre assexualidade não é diferente.
E mesmo dentro da comunidade, existem relatos de preconceito e falta de espaço em relação a essas pessoas. A Ana comenta também sobre o assunto “Já sofri algumas invalidações, pessoas próximas falando que é só uma fase, achando que eu não posso me apaixonar e coisas do tipo... Mas, de forma indireta, já presenciei vários discursos acefóbicos em redes sociais que participo, volta e meia vejo postagens com a pergunta ‘vocês se relacionariam com alguém assexual?’ e os comentários/respostas costumam ser um show de horrores. Não há problema em algum allosexual (quem não é assexual) ver o sexo como necessidade constante, mas essas perguntas geralmente são feitas na intenção de disseminar mais desinformações e preconceitos acerca de nós.”
E quando assexualidade se une com outra letra da comunidade ou outra forma de se relacionar não convencional pela maioria das pessoas, o preconceito é ainda maior, Ana comenta também sobre isso “Uma das questões que, aproveitando, nos incomodam é quando acham que, por sermos aces (quem é assexual) e caso estejamos com algum allo (quem não é assexual), temos que automaticamente abrir nossos relacionamentos senão somos egoístas. Vários assexuais, eu inclusa, são não-monogâmicos, mas perguntas do tipo ‘então você vai deixar eu sair com outras pessoas para compensar?’. Além de vir com uma premissa de que todo ace é estrito e nunca sente vontade sexual, passa a impressão de que devemos algo aos nossos parceiros e que vamos ficar sentados no sofá em casa esperando eles voltarem do motel (além de que, dificilmente essas propostas seriam feita a outros allos com quem eles se relacionassem, algo que soa bem ‘faça o que eu digo, não faça o que eu faço’).”
Podem se apaixonar, sim!
Os relacionamentos afetivos não se resumem em relação sexual, há muitas pessoas que se identificam como assexual que também se apaixonam e se relacionam, possuem parceiros, mas também existem outras que não sentem falta desta troca.
Além de que, mesmo com pouco ou nenhum interesse em ter uma vida sexual ativa, pessoas assexuais podem praticar o sexo de forma voluntária, se sentirem que pode ser uma atividade prazerosa, de conexão ou outras razões.
Não é trauma, nem abstinência, muito menos falta de libido
Existem condições e situações que as pessoas passam ao longo da vida que podem acabar perdendo interesse no sexo ou parando a vida sexual por algum motivo, mas isso não se trata de assexualidade!
A assexualidade é pouco ou nenhum interesse sexual de forma saudável e natural para as pessoas. Enquanto a falta de libido pode estar ligada com problemas de saúde sejam físicos ou psicológicos, assim como o trauma.
Já a abstinência ou celibato são escolhas, de ficar sem sexo mesmo que haja o desejo, seja por questões de saúde ou outras condições, mas também não tem nenhuma relação com a assexualidade.
Não é “assexuado”
O termo “assexuado” é usado para indicar a ausência de órgãos sexuais, biologicamente falando para se referir a seres vivos (não humanos) que se reproduzem sem intervenção de dois sexos. Ou seja, o termo apesar de ser confundido com “assexual”, possui significado completamente diferente, além de ser equivocado para se referir a esta orientação sexual usando “assexuado”, também é pejorativo.
Gostou de conhecer sobre assexualidade? Deixe nos comentários o que você achou, se conhece alguém do espectro e compartilhe com os amigos! Confira também outros textos do nosso blog e a loja online Exclusiva Sexshop!
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