A sexualidade dos 60+
a gente passa a vida toda se preparando para a morte. o processo do envelhecimento se inicia junto ao nascimento – e durante esse processo dentre tantas outras coisas, existe a descoberta do sexo e a vivência da sexualidade.
se quando jovens nos deparamos com inúmeras retaliações e regras opressoras de como viver nossa sexualidade, consegue imaginar como é isso com os mais velhos? eu não conseguia. talvez essa matéria tenha sido até agora a que mais mexeu com minhas estruturas e espero genuinamente que também aconteça com você, porque é inevitável: envelheceremos todos.
primeiro vamos falar sobre a velhice
A essência do envelhecer segundo a psicanalista Dra. Maria Homem, é parte do ciclo da vida. Na condensação de sentido – o famoso clichê: a vida é movimento, pulsão, algo que vai, que flui. Matura. Força reprodutiva, a gestação de uma vida e o fim dessa gestação – a morte. A velhice é seu corpo diminuindo esse impulso.
O grande ponto do maturar e do desmaturar tem a ver com a fertilidade. A juventude é a possibilidade da vida se reproduzir – sua semente gerar outra vida; a menstruação; dois jovens podendo se replicar. E a velhice é entender que seu corpo não replica mais vida – seu corpo como uma individualidade reprodutiva terminou sua função. Esse é o primeiro grande luto. É perda. É uma despedida da potência reprodutiva enquanto forma de vida. Uma despedida da própria vida – aí mora uma diferença (mais uma diferença, rs) brutal entre os sexos, para a mulher é ainda mais agressivo.
A gente faz uma equivalência entre envelhecer e morrer. Vivemos como se não soubéssemos que envelhecer é mais do que isso. Envelhecer é lidar com pequenas mortes o tempo todo – não nadar, não correr, não transar – entre outras tantas – o lamento pelo não fazer. Pequenos lutos.
A sociedade exclui o velho. Em tempos digitais existe o imperativo do novo – agilidade, produtividade, força e beleza – nome do ideal que todos buscam. Mas qual o lugar que o idoso tem disso? Desamparo.
A gente liga a televisão e somos soterrados de regras de como envelhecer bem – regras para não envelhecer, na verdade: procedimentos estéticos e produtos que na verdade são como uma aversão ao envelhecimento. A cultura insiste sinalizar em como se deve ser homem e principalmente como se deve ser mulher.
A expectativa de vida da população aumentou. Estima-se que no Brasil o número de idosos triplicará nos próximos
vinte anos. Além deles representarem uma fatia demográfica enorme, os idosos possuem capacidade econômica bem maior que os jovens. E se isso não te impressiona, saiba que os mais velhos representam o grupo que mais está aderindo as redes sociais atualmente. No âmbito comercial, 72% dos baby boomers, os novos idosos, já realizaram ao menos uma compra online, enquanto 83% deles já pesquisaram um produto antes de realizar uma compra offline.
Os idosos brasileiros desempenham um papel socioeconômico de fundamental importância no convívio familiar. Cerca de seis milhões de idosos têm filhos ou outros parentes sob sua responsabilidade - MAGALHÃES-JUNIOR, C. A. O.; FRUGOLI, A. 86 Arq. Ciênc. Saúde UNIPAR, Umuarama, v. 15, n. 1, p. 83-95, jan./abr. 2011 (IBGE, 2005). Esse dado contribui para o rompimento de preconceitos associados à inutilidade do idoso (MATTOS; NAKAMURA, 2007).
agora vamos falar sobre a sexualidade dessas pessoas
Nossa sociedade é marcada pelo preconceito perante os idosos, é a fase da vida mais carregada de proibições e limitações, sobretudo quando relacionado à sexualidade. Isso pode ser observado através dos dados obtidos numa pesquisa feita por alunos da UNIPAR ao qual tive acesso e extraí algumas informações, e você também poderá ter, ao final da página.
A sociedade impõe à velhice o fardo da assexualidade, fazendo com que isso se reflita no modo de agir e se expressar quando o assunto é sexo.
“Essa visão distorcida é fruto de uma educação muito severa, cheia de conceitos e preconceitos repressores. Todos esses fatores e a falta de conhecimento induzem a uma atitude pessimista sobre o sexo na velhice (VASCONCELLOS et al., 2004).”
A sexualidade não se restringe apenas à relação sexual na visão reprodutiva, mas também se manifesta na corporeidade, ou seja, envolve todos os sentidos, abrange um conjunto de experiências, emoções e sentimentos. Os principais fatores que influenciam negativamente a sexualidade do idoso é o desconhecimento acerca da sexualidade na velhice – novamente a falta que a educação sexual faz – assim como os aspectos culturalmente proibitivos cultivados a respeito de relações sexuais entre eles. Isso faz com que eles se comportem segundo as expectativas sociais e, aqueles que têm desejo sexual experimentam um sentimento de culpa e vergonha.
As mulheres são as que mais sofrem preconceitos pois na sociedade prevalece o culto a beleza e são avaliadas pela sua aparência externa e pela capacidade reprodutiva. O corpo da idosa, além de não mais fecundo e produtivo, para a sociedade é feio e assexuado. Isso faz com que ela se feche e não expresse sua sexualidade.
Os idosos submetidos a essa ideia imposta pela sociedade, e aliados às modificações fisiológicas que são características do envelhecimento, como por exemplo: diminuição dos hormônios sexuais, diminuição da velocidade e da intensidade das respostas vasocongestativas (ereção e lubrificação), parecem aceitar a dessexualização como um processo normal da idade.
É normal que, com o avançar da idade, ocorra um declínio da atividade sexual. Porém, sexualidade não é só o ato sexual, envolve amor, partilha, calor, toque, enfim, todas as formas que expressam a busca pelo prazer.
A sociedade padroniza deveres e direitos, permissões e proibições para cada fase cronológica da vida humana mas, sem dúvida, a fase da vida que é mais castrada de seus direitos e satisfações é a velhice. Isso se deve à crença de que o envelhecimento biológico acarreta em deixar de ter necessidade ou desejo de satisfação sexual. Sexualidade, normalmente, é um tema de difícil entendimento pela sociedade, mesmo para os jovens, o que se agrava no caso dos idosos, dificultando a superação de suas dúvidas entre eles. Já pensou que talvez aquela sua avó ou avô morreu sem sanar diversas dessas questões? é muito triste.
Essa mesma pesquisa que citei acima, discorre que a maioria das mulheres foram educadas para ter um só parceiro. A falta dele, associada à idade, não as estimularam a procurar outro. Algumas das idosas pesquisadas destacaram a dificuldade de encontrar um companheiro da mesma faixa etária. Como as mulheres tendem a viver mais anos que os homens, há mais viúvas que viúvos.
Outros fatores que interferem na atividade sexual na velhice são o sentir-se incapaz sexualmente, a falta de comunicação entre os parceiros, a viuvez mal assumida, a interrupção prolongada da vida sexual, a resistência dos filhos e da família, o estilo de vida, as falsas crenças e mitos adquiridos com o passar dos anos.
Ao questionar as participantes da pesquisa, se gostariam de ter informações sobre sexualidade, DST/AIDS e se tinham dúvida sobre esse tema, doze (86%) responderam que gostariam de ter mais informações e, realmente, tinham dúvidas. Na pesquisa realizada por Souza (2003), verificou-se que, o nível de conhecimento dos idosos em relação a esse tema, evidencia-se a existência de lacunas.
Conclusão da pesquisa
Apesar da população mundial no decorrer do século XX, ter se modificado no perfil demográfico, com o aumento da população de idosos, principalmente entre as mulheres, percebe-se que as políticas públicas e os trabalhadores da área de saúde ainda não estão preparados para enfrentar essa nova realidade.
Sexualidade não se limita ao genital, disse Freud.
A gente goza sobretudo com a mente.
As pessoas não perdem a libido após os 60 anos – a natureza da atividade sexual muda com o passar dos anos. O sexo que se faz jovem não é o mesmo quando se envelhece, mas daí dizer que a libido desaparece é uma perspectiva rasa sobre a libido.
As mudanças biológicas são reais mas o sexo não é somente biológico. O campo do desejo é também mental e subjetivo – reduzimos o sexo somente a penetração. Existe um cérebro, um órgão imenso que chamamos de pele e que permite diversas possibilidades. Expandir o território erótico desde já, é fundamental para nutrir uma vida sexual feliz na velhice.
Existe também uma fixação na ideia do desempenho, apegados ainda ao sexo que fazemos quando jovens. Do normal – o que é normal? A sexualidade não transita na normalidade, rs.
Ainda sobre as mulheres, é importante lembrar, como sempre faço aqui neste espaço: a ideia de que a mulher pode ter prazer é recente na história. A mulher que tinha orgasmo não era considerada uma boa esposa. A mulher desejante sempre esteve na mira da tradição.
Essa mulher, idosa, precisa sobretudo construir uma nova relação com o sexo, em especial na tratativa do seu desejo como única e exclusivamente para si.
O contexto é importante para a mulher e farmacologicamente, não há como ter um remédio para o desejo, uma pílula de contexto, rs.
a vida sexual está ativa por mais tempo, a noção do envelhecimento mudou – fica-se mais velho por mais tempo e é bom tanto o mercado quanto a sociedade começarem a olhar pra isso.
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