as pessoas são bastante curiosas quanto as posições sexuais, é uma das coisas que mais pedem para a Exclusiva nas redes sociais.
pensando nisso, aqui no blog, temos uma categoria dedicada somente as posições! Tem posição para todo mundo! Mas antes, chega aqui, que eu vou te contar algumas curiosidades:
quando falamos de posições sexuais, geralmente, o primeiro pensamento é: Kama Sutra. O coitado do Kama foi bastante deturpado aqui no ocidente, então vamos falar do Kama Sutra real oficial.
O Kama Sutra não é um manual de posições sexuais
Acreditem, não é, juro, eu li. Fala-se principalmente sobre a conduta de relacionamentos amorosos. Aborda preocupações com a higiene, como tomar banho e escovar os dentes, fala sobre abraços, beijos e até o que fazer depois da transa.
O livro é dividido em sete partes, com 36 capítulos, e o que ficou mais famoso foi o que fala das posições. Mas, sinto em dizer, que na verdade não existem ilustrações no livro e, pasmem: as práticas sexuais são bem menos acrobáticas e numerosas do que foram espalhadas por aí. As posições clássicas são apenas dez.
Sua leitura pode ser marcada por uma interpretação por vezes distorcida diante de uma cultura diferenciada:
O oriente, como refletiu Edward Said (2001), é nos representado como exótico, um mundo estranho a ser explorado e, por vezes, considerado inferior. O exotismo interpretado não como o diferente, mas uma inversão de si mesmo, o Outro como o incivilizado, o inculto, bárbaro, entre outros termos pejorativos. (BARTHES, 2007, pp. 165-167)
Ao refletir sobre o erótico ou discutir sobre variações e posições sexuais, a Índia toma outra perspectiva: a do mistério e do segredo de uma sabedoria milenar incompreendida e, revelada para poucos. Na interpretação ocidental o Kama Sutra é um manual imagético de posições sexuais ou ‘acrobacias’, cuja diversidade e a perfeita realização garantem prazeres indescritíveis, velados ao Ocidente.
O mercado editorial ocidental ao se apropriar do título do livro de Mallanaga Vatsyayana o transformou em sinônimo de posições sexuais.
Contudo, mais importante que as posições descritas, o livro revela possibilidades de repensar a erótica ocidental, marcada pela concepção de pecado cristão, entrando em contradição com “a visão hindu do sexo que difere fundamentalmente da de outras civilizações. Não só considera normal e necessário o sexo, mas também quase que sacramental.” (ARCHER, 1986, p. 09).
O Kama, que também pode ser traduzido como “a vida dos sentidos” tem um lugar legítimo no cotidiano indiano, sendo objeto de estudo religioso.
Existe uma problemática ocidental em relação à sexualidade, e que fez com que a obra tomasse a forma de um manual de sexo imagético, cuja representação na sociedade confunde-se entre o erotismo e a pornografia, concepção esta que não é exclusiva da Inglaterra vitoriana, e vem até os dias atuais.
Vamos entender um pouco do contexto
Num século em que os desejos sexuais foram rejeitados e medicados como grave doença, a busca pelas leituras proibidas tinha um status transgressor. Em meio à repressão sexual, os leitores descobriram nos livros possibilidades diversas de viver a sexualidade, diferentemente da moral vitoriana.
O romance aos poucos apresenta o desejo sexual, a erótica dos corpos se sobrepondo à moral cristã. O romance aos poucos apresenta uma erótica liberta, mas não é possível afirmar que os romancistas escreviam voltados à literatura erótica.
O autor, Mallanaga Vatsyayana, compilou e tornou mais simples os trabalhos que já existiam. Propõe com sua obra um estudo do Kama – a vida dos sentidos – como forma de contemplação à Divindade:
Aquele que conhece os verdadeiros princípios dessa ciência (Kama) respeita Dharma (dever religioso), Artha (bem-estar mundano) e Kama (a vida dos sentidos) bem como o ensinamento de outros, não se deixando conduzir apenas pelos ditames de seus próprios desejos. (...) Um ato nunca é visto com tolerância pela simples razão de ser autorizado pela ciência, pois devemos lembrar ser intenção da ciência que suas regras só sejam obedecidas em determinados casos. (...) Esta obra não deve ser usada apenas como instrumento da satisfação de nossos desejos. Aquele que conhece os verdadeiros princípios dessa ciência e que preserva seu Dharma, Artha e Kama, e tem consideração pelas práticas dos outros, certamente conseguirá dominar seus sentidos. Em suma, o homem sagaz e prudente, praticando Dharma, Artha e também Kama, sem se tornar escravo de suas paixões, consegue êxito em todos os seus empreendimentos.
(PANIKKAR, 1986, p. 3)
Sugere-se que o equilíbrio entre os três aspectos permitiria uma vida plena, o Dharma é considerado superior por ser a dedicação à vida religiosa e, muitas vezes, à castidade. Assim, conforme a interpretação do estudioso dos textos hindus, Dharma e Kama estão em conflito. Vatsyayana, além de defender a necessidade de um maior conhecimento sobre o Kama, também aborda aspectos polêmicos da sexualidade para a sociedade indiana e principalmente para estudiosos do Dharma, como a defesa de que as mulheres também sentem prazer no ato sexual e seu capítulo dedicado às cortesãs.
E, a partir de um olhar superficial sobre a obra de Mallanaga Vatsyayana, o mercado editorial apropriou-se do nome Kama Sutra, e vem produzindo manuais que prometem os segredos do oriente, onde exploram a representação imagética de inúmeras posições sexuais e não como um texto elaborado a partir de uma concepção religiosa e de um ‘cuidado de si’ a partir da vivência da sexualidade.
Atraso ocidental
No ocidente, o cristianismo afasta o sentido sagrado do erótico, atribuindo a este um caráter proibitivo, pecaminoso. O erótico, ao ser compreendido como transgressão, é banido dos rituais de antigas religiões, sendo estas manifestações religiosas perseguidas. Portanto, para o ocidente, o erótico não pode ser sagrado, ele é sempre uma transgressão da norma religiosa. Porém, é interessante perceber que o leitor busca, no ritual, o encontro com o prazer, enfrentando os séculos de imposição anti-erótica. É importante salientar que o ritual, “ao contrário do que muitos pensam, não é pornografia a serviço do prazer, mas a pornografia a serviço da razão.”
(BATAILLE, 1988)
O caráter de obscenidade e pornografia conferido a obra no século XIX está vinculado à moral sexual, em que a simples nudez poderia ser censurada. Nos tempos atuais os manuais comerciais de posições sexuais podem ser classificados como obras educacionais, orientações sobre a sexualidade, mas, devido às múltiplas percepções morais da contemporaneidade, também podem ser compreendidos como obras pornográficas.
Entre a concepção de pornografia na antiguidade e a contemporânea, o ponto divergente está na transgressão. Enquanto o pornográfico na cultura antiga eram textos com intuito de diversão, educação, e claro, excitação; no mundo moderno a pornografia entre censores, prisões e condenações torna-se transgressão da moralidade social.
“ (...) desaparecem os rostos, são as formas e as sugestões de posse e desfrute que orientam o olhar e compõem os corpos em pedaços mais ou menos apreciados/valorizados. Promessas de abismos, virtualidade de nirvanas, corpos transformados em sexo substituem os paraísos prometido às almas (...)" (NAVARRO-SWAIN, 2008, p. 393)
Ou seja, a representação das posições sexuais relaciona-se muito mais com a constituição da moral sexual ocidental, e suas transgressões, do que a uma possibilidade de ‘estética de existência’ concebida por Vatsyayana a partir da cultura indiana. Para o ocidente vulgarmente constitui-se numa forma ordenada, receitada, mecânica, disciplinada de alcançar o prazer do sexo, por vezes relacionada mais à pornografia, ao proibido, ao exótico, sem uma compreensão a partir da sociedade indiana, pautada unicamente na cultura ocidental.
Ainda sobre o Kama Sutra
A primeira parte do livro demonstra uma clara preocupação com a prática de uma ‘arte da existência’ a partir da cultura indiana.
A segunda parte, entre sete de sua obra, é dedicada à discussão do ato sexual, sendo esta, dividida entre: ‘Tipos de União Sexual’, no qual discorre sobre o tamanho de pênis e vaginas e as possibilidades de uniões favoráveis ou desfavoráveis em relação aos seus tamanhos. O capítulo segundo discorre sobre os tipos de abraços e o terceiro aos tipos de beijos; em seguida escreve sobre a importância de ‘beliscões, incisões e arranhões com a unha’, como estimulação da atividade sexual; no capítulo sexto são descritas as posições sexuais; discorre sobre as ‘formas de bater e os sons que a elas correspondem’; a seguir escreve sobre as ‘mulheres que desempenham o papel de homens’; sobre o ‘sexo oral’ e por fim, como ‘iniciar e terminar uma relação e os diferentes tipos de brigas de amor’.
Bem diferente do que imaginamos num primeiro momento sobre o Kama Sutra, né?
Para o leitor ocidental, que desconhece a cultura indiana, não compreende a jornada religiosa de Vatsyayana que, por meio do sexo, encontra-se com sua energia vital. A leitura do Kama Sutra poderia significar uma mudança de atitude diante da compreensão e do viver a sexualidade, mas a jornada do autor muda de significado ao ser pensada unicamente como manual de sexo, livro que cataloga posições sexuais, que promete o prazer ao fim da sequência ordenada dos atos. Onde o espontâneo, o impulsivo e o instintivo perde-se no cumprimento do ritual descrito pelo livro. O erotismo perde sua possibilidade de experimentação, de individualidade, para se tornar uma regra, um ritual, uma ordem e, muitas vezes, uma moral. Fruto do desejo de ordem ansiado pelo leitor ocidental, que busca nestes relatos eróticos um meio de alcançar o prazer sexual.
Com isso, te convido a visitar nossa categoria dedicada as posições sexuais, acrobáticas ou não, cujo intuito é você experimentar e elas não necessariamente estão no livro Kama Sutra, certo?
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