Coloquei um espelho no banheiro, de frente para o chuveiro, abrindo espaço para dar lugar ao que desejo sempre – transar no banho, água escorrendo, olhos se encontrando no reflexo e no vapor.
eu gosto de conversar no banho, em algum lugar do passado, sonhei um banheiro com uma cadeira propositalmente posta para diálogos embaixo d’água.
e gosto de olhar o corpo molhado
água quente traçando caminhos singulares até tocar o piso frio
o rosto vermelho, no espelho, emoldura um olhar esfomeado
solitário corpo embebido
excitado
anseio outro corpo igualmente molhado, quente
busco na memória cenas, parceiros e vontades outras
e nenhum rosto se alinha com o desejo de agora
o homem que desenho no pensamento, não tem rosto
há um corpo coberto por pelos, mãos que me passeiam, uma língua que saliva minha boca
lambe minha nuca no sentido contrário ao curso da água, empurrando as gotas com a língua até que repousem atrás da orelha
segura minha cintura e puxa meu corpo pra si, sobe as mãos até os peitos enquanto eu arco um pouco a coluna e encosto a bunda nas coxas
olho no espelho
e no espelho vejo sua mão saindo do meu peito e tocando seu pau – um homem batendo punheta e olhando pra mim, é das coisas mais sexys do meu acervo de imagens libidinosas.
empino mais a bunda
a outra mão também abandona meu peito e agora toca minhas costas, empurrando um pouco pra eu abaixar mais
mão quente
eu faço questão de demorar nas escolhas imagéticas quando me masturbo – porque gozo mais gostoso. Agora que escolhi trepar com meu homem ainda sem rosto, ligo meu vibrador.
encaixo a câmara sugadora no clitóris
no espelho – eu, sozinha e curvada
volto para onde estava, você me conduzindo a abaixar mais, se masturbando e agora, me penetra
imagino suas coxas e as minhas se chocando
molhadas
e o som é côncavo e úmido
aumento a velocidade das sucções, minhas pernas tremem
apoio uma das mãos na parede de azulejos
a outra segura o vibrador
rebolo
e enquanto rebolo, me seguro pra não gozar – ainda é cedo, mas as sucções são potentes
rs
imagino o pau dentro de mim, tocando as paredes róseas e como essa sensação explode um desejo vulgar
quero mais
no limite do que aguento, ainda quero
o querer é uma agonia
escrava do desejo
diminuo um pouco a velocidade da vibração e coloco nos mamilos, um pouco em cada
e olho nos olhos do meu reflexo
toda mulher excitada é de uma beleza abundante e arrebatadora – e isso está muito além de qualquer estética, é algo que não está tão explícito
uma selvageria
um rugido
o satisfyer suga o mamilo e a buceta responde em outras águas
te imagino agora me virando de frente pra você e abocanhando os seios, a vontade ali, no céu da sua boca
você me empurra contra a parede
o azulejo frio na pele quente provoca uma sensação interessante, um desconforto que reverbera em mais tesão
coloco novamente o vibrador no clitóris
na minha cabeça, agora são seus dedos e no espelho ainda há somente eu, encostada no azulejo, me masturbando
cálida
você chupa meus peitos e deda minha buceta
enrolo meus dedos nos seus cabelos
é no seu pescoço que vou me apoiar quando as forças me escaparem joelhos abaixo
seus dedos vão ficando mais rápidos
aumento as sucções, são onze modos de intensidade – questiono se dedos humanos conseguiriam fazer isso, duvido um pouco.
morde o mamilo
alisa com a língua
dedos ágeis
sucção potente
com uma mão me apoio no vidro do box
eu vou gozar
um tremor ne manifesta no quadril
as pernas vacilam
aumento mais
sinto o orgasmo começando determinar os movimentos
gemidos involuntários
gemido de orgasmo é diferente: animalesco
aumento mais
não consigo mais segurar
gozo
o corpo reponde num dissolver conjunto
a marca dos dedos estampada no vidro
escorro junto com as gotas do azulejo até me sentar no chão do banheiro,
desmanchada
líquida
satisfeita.