O filme irlandês, Babygirl (2024), dirigido pela Halina Reijn, é uma das obras mais recentes de thriller erótico que prova como o erotismo e o suspense podem andar juntos. A história parte da rotina da vida da protagonista Romy (Nicole Kidman), uma mulher casada, com filhos, bem sucedida profissionalmente e CEO de uma empresa, mas que tem uma inquietação ou até mesmo vazio sexual que é possível notar desde a primeira cena de sexo com o marido Jacob (Antonio Banderas).

Depois de suportar por quase duas décadas de casamento, ela reconhece que não sente prazer com Jacob durante as relações sexuais, além de reprimir o próprio desejo de submissão sexual que não é satisfeito por ele. Com isso ela passa a buscar incessantemente e em segredo algo que a satisfaça, inicialmente o pornô, até conhecer o Samuel (Harris Dickinson), novo estagiário da empresa.

A relação com o estagiário se desenvolve, e cada vez fica mais difícil dela conviver escondendo a situação do marido, mesmo que faça de tudo para tentar manter as aparências de vida perfeita e controle absoluto dela. A partir deste conflito que a história se desenrola até chegar no desfecho final.

Romy também é colocada diversas vezes em papéis que se esperam da mulher na sociedade pelos personagens, como de esposa e mãe, se anulando para cumprir as necessidades da família. Alguns dos grandes motivos que a sufocam e limitam de viver conforme o que ela realmente deseja.



Realidade no controle X desejo de cedê-lo

Dentre diversas camadas deste filme, uma muito presente é a que trata das relações de poder, que abrangem não só a esfera sexual, como também alcançam as relações de trabalho e familiares.

É possível observar um contraste das posições que a Romy ocupa, por um lado, está no comando e poder tanto no trabalho, quanto na família, por outro, possui o desejo de obedecer e ceder este controle durante o sexo, algo que depois de reprimir por tanto tempo, encontra saídas de realizar.


Erotismo psicológico com provocações e insinuações


Uma das maiores belezas do filme são as formas simbólicas que usaram em relação ao erotismo para provocar a personagem e o público, algumas mais fáceis de entender, outras que podem levar um tempo a mais para interpretar.

Uma delas aconteceu bem no início do filme, quando a Romy vê um cachorro latindo na rua, e o personagem Samuel, que ela ainda não conhecia, o controla facilmente. Uma possível comparação ao desejo dela de ser “domada” também por ele, até porquê em outros momentos do filme ela “se comporta” como cadela ao se relacionar sexualmente com ele.

Outra situação é quando o Samuel deixa um copo de leite na mesa dela em um bar que estão distantes, ela bebe, depois ele diz “boa menina” para Romy ao sair e esbarrar com ela. Um simbolismo que remete ao ato sexual de “beber o leite”.


“Babygirl”

Este termo vem do BSDM (bondage, disciplina, dominação, submissão, sadismo e masoquismo) se refere à mulher que gosta de ser dominada durante as práticas sexuais. Para quem não conhecia este significado ajuda muito a entender o nome do filme, já que é o nome que o Samuel a chama e ela gosta de ser dominada (também chamada de submissa).

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Escrito por :

Aline Cruz

Aline Cruz
Escrita sempre foi um refúgio e uma forma de transformar o que penso em realidade, antes em cadernos, hoje na internet como jornalista e redatora. Escrevo porque guardar tudo para mim seria egoísmo. Também faço teatro, mergulho nas músicas, viajo dentro de mim e também fora: sejam lugares, pessoas, histórias ou teorias.