Corte para qualquer período entre as décadas de 1950 e 70. Um jovem chega a uma banca de jornal, recolhe o periódico de sua preferência, e dirige-se ao jornaleiro. Pede além do jornal ou revista, o acréscimo de “um catecismo por favor, senhor”, ao que discretamente o dono da banquinha retira de algum lugar oculto dos olhos passantes um pequeno gibi envolto em embalagem, o qual é colocado de maneira furtiva entre as dobras do periódico, e “obrigado, até a próxima”.


O conteúdo do “catecismo”: quadrinhos de sacanagem desenhados por um tal Carlos Zéfiro. Carlos Zéfiro é o pseudônimo do funcionário público brasileiro Alcides Aguiar Caminha, nome com o qual ilustrou e publicou, durante as décadas de 1950 a 1970, histórias em quadrinhos de cunho erótico que ficaram conhecidas por "catecismos". 

O cartunista foi bastante undergorund produzindo tais revistinhas secretas, elas iniciaram mais de uma geração de jovens e adolescentes no erotismo.
Carioca e boêmio, ilustrou e vendeu cerca de 500 trabalhos desenhados em preto e branco, que eram vendidos dissimuladamente em bancas de jornais, devido ao seu conteúdo porno-erótico, chegaram a tiragens de 30.000 exemplares.

Sua identidade somente se tornou pública em uma reportagem de Juca Kfouri para Revista Playboy (onde era editor na época) que foi publicada em 1991, um ano antes de sua morte.
Autodidata no desenho e concluinte do curso de segundo grau somente quando tinha 58 anos, manteve o anonimato sobre sua verdadeira identidade por temer ter seu nome envolvido em escândalo o que lhe traria problemas por se tratar de funcionário público submetido à Lei 1.711 de 1952 que poderia punir com a demissão o funcionário público por "incontinência pública escandalosa" e retirar os proventos com os quais mantinha a família.

Em 1970, durante a ditadura militar, foi realizada em Brasília uma investigação para descobrir o autor daquelas obras pornográficas. Chegou-se a prender por três dias o editor Hélio Brandão, amigo do artista, mas a investigação terminou inconclusa.

Após sua morte teve um trabalho publicado como homenagem póstuma em 1997 na capa e no encarte do cd Barulhinho Bom - Uma Viagem Musical da cantora Marisa Monte. 
Quando Marisa Monte lançou seu álbum duplo Barulhinho Bom em 1996, a capa vinha com um desenho cujo traço chamou a atenção de quem tinha mais de 30 anos à época. Ao abrir o encarte e conferir o projeto gráfico todo, onde estão as letras e ficha técnica do trabalho produzido por Arto Lindsay, Carlinhos Brown e a própria cantora, a referência era clara: o disco era dedicado a Carlos Zéfiro, e repleto de ilustrações com desenhos de seus antigos “catecismos”. O portador do novíssimo álbum entendia na hora a que espécie de “barulhinho bom” a obra se referia.


As revistas de Carlos Zéfiro

Os “catecismos” eram desenhados de forma rudimentar, sem uma técnica escolástica definida, mas acabaram dando um traço inconfundível — e muitíssimo imitado.
O conteúdo é bastante discutível, existem abordagens bastante imorais - veja bem, não me refiro ao sexo sujo, mas há recortes bastante problemáticos e que reforçam a cultura do estupro. Porém, como se trata de outro tempo, meu intuito de trazer Carlos Zéfiro aqui, é porque acredito no seu valor cultural, abriu-se um espaço acessível para a pornografia. Muito se bate na pornografia enquanto exalta-se o erotismo, como se a pornografia fosse menor - existe uma questão de classe social. Erótico busca uma sofisticação que não faz sentido: a ida para o sexo, a entrega do corpo, não carecem de etiquetas sociais.



Além de seu trabalho de desenhista, Alcides Caminha foi também compositor, inscrito na Ordem dos Músicos do Brasil e parceiro de Guilherme de Brito e Nelson Cavaquinho, com quem compôs quatro sambas para a Mangueira como “Notícia”, gravado por Roberto Silva e “A Flor e o Espinho”, gravado por Nelson Cavaquinho.

Carlos Zéfiro faleceu no Rio de Janeiro, no dia 5 de julho de 1992.

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2 Comentários
MA

Mari

Gratidão pela excelente matéria sobre o ícone Carlos Zéfiro!! Sensacional!!
AA

Apreciadora Anônima

Sensacional!É bom dar crédito ao artista,principalmente a esse artista corajoso,desse "universo"tào discriminado e mal entendido pela sociedade.Mais sensacional ainda é ver uma mulher escrevendo esse artigo! Parabéns!
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