porque é um escândalo de beleza.
assisti "Poor Things"
e saí da sala do cinema com Bella Baxter me rodeando.
"Pobres Criaturas" é um drama emocionante que segue a história de Bella Baxter, uma mulher jovem e destemida que enfrenta uma série de desafios ao longo de sua vida. ambientado em uma cidade pequena e pitoresca, o filme explora temas de amor, perda, redenção e auto-descoberta. Bella se vê envolvida em um intricado enredo cheio de reviravoltas inesperadas, enquanto luta para encontrar seu lugar no mundo e superar os obstáculos que a vida coloca em seu caminho. com performances cativantes e uma narrativa envolvente, "Poor Things" é uma viagem emocionante através dos altos e baixos da experiência humana.
Oscar 2024
"Poor Things" cativou tanto o público quanto os críticos, garantindo várias indicações e até mesmo algumas premiações no Oscar de 2024. as performances poderosas dos atores renderam indicações e Emma Stone levou o prêmio de Melhor Atriz para a casa. Holly Waddington, quem assinou o figurino impecável, também ganhou o prêmio na categoria Melhor Figurino. O filme também ganhou Melhor Direção de Arte e Melhor Maquiagem e Penteados.
todo mundo já disse, mas também vou dizer:
Emma Stone está perfeita.
não sei se todo mundo disse, mas eu vou dizer que o Duncan Wedderburn de Mark Ruffalo, me fez rir muito. um personagem que para mim, personifica o não dito. cada pergunta que ele não soube responder no filme, me mostra o amontoado de reproduções que somos. a pertinência da dúvida aqui dialoga com o detrimento da lógica. eu adoro este ator (e tenho um crush forte nele risos), e talvez daqui para frente este seja o personagem que mais gosto na sua pele.
a arte é foda, o figurino impecável e já posso ver as lojas por aí cheias de mangas bufantes da vestimenta nada óbvia de Bella. os diálogos são complexos, profundos e enroupados de simplicidade. os questionamentos nada recatados de Bella, contrapõem a doçura de sua inocência e é aí que mora a chave da escolha do surrealismo como ambiente: a expressão espontânea do pensamento, dos impulsos, do inconsciente, da vazão ao sonho, ao instinto, ao desejo, a colisão com a ordem moral. isso é "poor things", um ataque ao padrão, uma ode à coragem da espontaneidade. uma ode à experiência de um viver sem castração.
quando vemos a essência aventurosa de Bella, prontamente nos identificamos. quando percebemos que é uma prisioneira de God, imediatamente sentimos a dor do cárcere e igualmente prisioneiras de um Deus (não disse qual mas vocês sabem) que define o que é pecado ou não.
a cena da dança, instintiva e visceral, é absolutamente precisa: não houvesse uma convenção social do que é belo, dançaríamos como? enquanto Bella dança descompassadamente no meio dos casais coreografando passos contados, respiro aliviada com possibilidade de me apropriar do que é "estranho". do que é maldito, do que é tido como louco.
o filme fala de cárcere para poder falar de liberdade.
como perceberíamos uma cela sem experimentar o lado de fora?
é subjetivo mesmo. só cabe na poesia, na loucura, na arte, no cinema.
as transições das viagens, todas elas simbolistas (imensamente belas), trazem de novo o surrealismo, este movimento que abraça a distorção, me faz pensar na semelhança com a palavra ''destorcer'' - endireitar o que estava torcido - e isso me dá a sensação de que o filme todo é uma jornada em busca deste endireitamento pela via do ilógico, o inconsciente - não fosse o delírio, quem seria você?
as cenas de sexo que geraram polêmica,
elas não têm nada demais. sério.
de forma geral quem ficou chocado com as cenas de sexo, é quem assiste pornografia sem nenhum espanto. acontece que na pornografia, o desejo está posto no prazer do homem e a mulher não pode estar gostando e se deliciando com o sexo. isso pode ser chocante mesmo, ver a Bella descobrindo seu corpo sem nenhum pudor e indo justamente na direção da exploração do prazer que sente.
eu acho que toda mulher precisa assistir Pobres Criaturas para entender qual parte de você morreu por falta de espaço. para fazer as pazes com essa criança, essa adolescente e essa mulher que vivem em conflito em interno simplesmente porque para os homens era melhor que fôssemos assim. eu acho lindo como Bella rompe com essa lógica a partir de sua inocência, e como ela evolui com o tempo do filme. a Bella do início não é a Bella do final.
assistam, desfrutem, debatam e não esqueçam de notar a beleza que está em toda parte deste filme.
0 Comentários
Deixe seu comentário
Leia Também